Moradores sofrem com falta d´água
Os moradores da periferia de Fortaleza têm reclamado de constantes problemas no abastecimento de água. A causa, de acordo com populares, é a falta de pressão para bombear o líquido em áreas mais altas da Cidade. O problema ainda seria agravado por vazamentos e "gatos", ou seja, ligações clandestinas. As informações são da Redação Web do Diário do Nordeste.
A dona de casa Fátima Cavalcante mora num sobrado na Parangaba e precisa subir escadas com baldes d´água devido ao problema de fornecimento. Segundo ela, a dificuldade existe desde o fim do ano passado Foto: Kid Júnior"Há mais de um mês, a água ou não vem ou chega em quantidade insuficiente para encher a caixa d´água. Temos muitas vezes que recorrer ao uso de baldes para reservar água", afirma Maria Lúcia Sousa, que mora na Avenida Hildebrando de Melo, no bairro Jardim Guanabara.
Ela acrescenta ainda que a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) já visitou o local, mas não conseguiu detectar o problema. "Também ouvimos boatos de que alguns moradores recorrem a ´gatos´ e usam motores para puxar a água diretamente da rede", destaca.
O mesmo problema tem afetado áreas de um bairro com forte vocação comercial: a Parangaba. Por lá, até alguns estabelecimentos têm fechado por conta da falta ou insuficiência no abastecimento de água.
A cabeleireira Rosarina Silva foi obrigada a paralisar as atividades de seu salão de beleza há cerca de quatro meses por conta da irregularidade no fornecimento do líquido. "Tem salão que só sobrevive comprando até dez garrafões de água mineral por dia. Isso já tem quase um ano. A gente liga, mas não há solução, nem previsão. Para mim, essa situação ficou insustentável", lamenta.
A vizinha dela, a dona de casa Fátima Cavalcante, que mora num sobrado, ainda passa pelo inconveniente de ter de subir escadas com baldes quando falta água. "Moro aqui há seis anos, mas desde o fim do ano passado, a gente vem sofrendo com isso. Tem vizinho que cava poço profundo ou compra bomba d´água", afirmou.
Problemas
Na última segunda-feira, a Redação Web do Diário do Nordeste lançou a seguinte pergunta em sua fanpage na rede social Facebook: "Você está tendo problema com o abastecimento de água no seu bairro?". Internautas de diversas regiões de Fortaleza relataram casos de falta d´água ou de irregularidade no abastecimento. Auxiliadora Barroso Matias, moradora do Henrique Jorge, reclama que há oito dias está sem água.
Já Alene Campos, do Álvaro Weyne, contou que o problema ocorre há dois meses. "Estou na terceira semana sem um pingo d´água em casa. Não aguento mais de problema de dor na coluna por ter de carregar água em baldes", reclama. Marco Vale, morador do Mondubim, disse que, lá, o problema lá já dura cinco meses. "Ligo para lá, reclamo, e me pedem prazo de 24 horas, mas nada é resolvido. Não tem pressão para a água subir", diz.
A internauta Goretti Ramos, que mora no recém-criado bairro José de Alencar, narrou que, após dois anos e meio de disputas, ontem estava com abastecimento ininterrupto.
Reclamação
Ela relatou que abriu procedimento administrativo na Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle dos Serviços Públicos de Saneamento Ambiental (ACFor) e outro na Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual (MPE).
A assessoria de comunicação da Cagece informou que o problema no abastecimento dos bairros Álvaro Weyne, Henrique Jorge e Parangaba, é ocasionado pelo crescimento demográfico acelerado nestas áreas e, consequentemente, o subdimensionamento da rede que abastece as regiões. A expectativa é que, depois que uma nova adutora entrar em operação, o que está previsto para este mês de outubro, a situação melhore.
Em nota, o órgão também reconheceu os problemas do bairro Jardim Guanabara e garantiu que já está realizando todas as medidas emergenciais possíveis para melhorar o abastecimento no endereço.
"No entanto, a ocorrência somente será solucionada com o maior aporte de água proporcionado pela conclusão de uma nova adutora, que trará água da Estação de Tratamento Oeste, para a região", afirma o comunicado da Cagece. A respeito do bairro Mondubim, a Companhia esclareceu que não foi detectado nenhum problema.
Com relação às ligações clandestinas, o texto esclarece "que se a irregularidade estiver na rede da empresa (do medidor para fora da casa), esta pode ser retirada pela Companhia, bastando para tanto a denúncia ou a descoberta da mesma".
Além disso, a falta de chuva tem afetado poços e diversos reservatórios do Estados. Dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) - que junta ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) monitora 139 açudes no Ceará - revelaram, na semana passada, que os açudes da Bacia Metropolitana estão com 30,5% de sua capacidade.
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