Concessionária decide cumprir contrato de 35 anos de administração do Maracanã

RIO - A concessionária Maracanã S.A. decidiu continuar à frente da administração do estádio. O grupo, formado por Odebrecht, IMX (leia-se EBX, de Eike Batista) e AEG, ainda espera para dar a resposta oficial ao governo do estado. Antes, quer apresentar alternativas para tornar o Maracanã mais lucrativo. O grupo planeja propor a construção do estacionamento nos terrenos para onde deveriam ser transferidos o Estádio de Atletismo Célio de Barros e o Parque Aquático Julio de Lamare, perto da Quinta da Boa Vista. Em entrevista ao GLOBO, ontem, Dênio Cidreira, diretor-superintendente da Odebrecht Properties, braço da construtora que administra o Maracanã, a Fonte Nova e a Arena Pernambuco, fez um balanço do primeiro mês de concessão, adiantou planos, prometeu reduzir o preço dos ingressos e falou da relação com torcedores e clubes. Tudo isso, no entanto, só poderá acontecer se o governo do estado não resolver tomar o estádio de volta. O concessionário ainda não comunicou sua decisão ao estado, mas, a qualquer momento, pelo edital de concessão, o poder concedente tem direito de reassumir o Maracanã. Desde que pague as multas dos contratos de prestação de serviços já firmados (segurança, manutenção etc.).

Concessão

“Estudamos várias formas de compensar o valor perdido pelos estacionamentos e a facilidade que trariam ao público. Uma delas é tentar construir um estacionamento com lojas nos terrenos para onde seriam levados o Célio de Barros e Julio de Lamare. Nós ainda acreditamos no modelo de estádio mais atrativo e confortável, com serviços em volta. O fato é que teremos de pagar ao governo os R$ 594 milhões em investimentos. Não sabemos como vai ser com as mudanças, podemos reformar o Célio de Barros, podemos investir em outras coisas que o governo pedir...”

Problemas

“Assumimos há um mês. Sabemos que houve problemas de fila, falta de informação e treinamento. Nossa prioridade agora é melhorar e estabilizar a operação das arenas. Nosso foco é qualidade de operação. O prazo natural para a gente abrir uma arena é de 90 dias, isso não é dito por mim, mas por uma empresa especializada nisso. Lidamos com clubes, que já estavam fazendo seus jogos em outros lugares. Falta o treinamento que deveria ter sido dado. Não houve tempo para isso. Precisaíamos de 90 dias. Mas tivemos de abrir o Maracanã antes disso. Não que isso justifique, a gente tem que correr atrás, ser mais rápido. Tem que acelerar o processo da capacitação do pessoal.”

Sócio-torcedor

“Não temos ainda uma solução técnica já pronta para a questão do sócio-torcedor (de poder passar a carteira sem precisar trocar ingressos). Mas eu sei que há mecanismos para resolver isso. Temos uma arena onde jogam regularmente dois clubes, a Fonte Nova, e lá está funcionando o sócio-torcedor. Isso está sendo estudado, e aí, nas próximas duas ou três semanas, já teremos alguma coisa para apresentar. Não tenho dúvida de que isso é uma questão que precisa ser resolvida. Não é razoável que o sócio-torcedor tenha que trocar ingresso.”

Gramado

“O que foi dito inicialmente é que o gramado aguenta, sim, receber jogos de três clubes com frequência, mas vamos observar. Se começarmos a identificar problemas, vamos conversar com os clubes para diminuir um pouco o ritmo.”

Clubes

“Cada clube tem sua peculiaridade. Não vou entrar em detalhes sobre cada um, mas o Flamengo pode vir a ter prejuízo, pois tem de dividir gastos. Se o gasto for maior que o lucro... Acho que também vamos conseguir fazer um acordo com o Flamengo de mais longo prazo. Mas o clube tem que pensar em lucro a longo prazo, nos 35 anos.”

Preço de ingressos

“Vamos conversar com os clubes. A definição do preço, hoje, está 100% nas mãos deles. A gente vai procurá-los. Só estamos esperando passar o primeiro mês de balanço, para fazer uma avaliação com os clubes. Porque, efetivamente, essa questão do preço nos preocupa também. Temos uma relação de progressão, o clube dá o preço mais baixo, dos seus ingressos, e fazemos um progressão para não prejudicá-los. Estudamos compensar o clube com outra coisa (no caso de Fluminense e Botafogo) para que a responsabilidade de diminuir o preço não seja apenas deles.”

Engenhão

“Todo mundo achava que a gente torcia para o fechamento do Engenhão, para pressionar os clubes. Temos interesse de que o Engenhão seja reaberto. Para nós, é positivo, pois o Maracanã passaria a receber só os jogos de maior porte. Pode acontecer um revezamento para não prejudicar tanto a grama.”