CLIENTES FICAM SEM ATENDIMENTO
Com o fim da paralisação dos bancários, agências da Capital tiveram filas de dobrar o quarteirão
Horas debaixo do sol e sem atendimento garantido. Na manhã de ontem, essa era a realidade de muitos clientes de bancos. Nas agências visitadas pela reportagem - na Avenida Bezerra de Menezes -, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste havia filas que se alongavam pela calçada. Com o fim da greve dos bancários, que durou dez dias, e o retorno tímido das atividades na última sexta-feira, o reflexo das demandas pendentes são visíveis, sobretudo para saldar os compromissos vencidos no fim de setembro.
No Banco do Nordeste da Avenida Bezerra de Menezes, a fila de clientes ultrapassava os limites da agência FOTO: NATASHA MOTAO comerciante Adailson Araújo, 31, gastou R$ 60 para conseguir lugar privilegiado, com o objetivo de quitar boletos atrasados na agência da Caixa da Avenida Bezerra de Menezes.
"Tentei pagar pelo autoatendimento, mas precisava cadastrar uma senha e vou ter que entrar. Ofereci R$ 30 para quem estava na fila, mas tive que subir o valor. Depois daqui ainda vou em mais três bancos", lamentou.
A vendedora Socorro Santos, 19, desde as 7h30 guardava o lugar do marido, que ia dar entrada no seguro-desemprego, na mesma agência de Adailson. Às 11h15, ela era a primeira da fila que ficava na calçada do banco, tendo ainda que enfrentar outra após a entrada.
Na Caixa, os clientes chegaram a dobrar o quarteirão, na Rua Cruz Saldanha, para chegar até a porta. As pessoas eram organizadas de dez em dez para entrarem na parte destinada ao autoatendimento. Depois, ainda era preciso esperar em outra fila em frente à porta giratória para finalmente conseguir ter acesso ao Interior do banco.
À reportagem, um funcionário da agência afirmou que essa foi a forma encontrada para não tumultuar. Ele também disse que muitas pessoas que estavam na fila provavelmente não seriam atendidas. Apesar dos transtornos, o atendimento preferencial estava garantido. "Cheguei agora há pouco e foi tudo rápido, uma maravilha disse o aposentado José Maria de Matos, 65.
Aposentados
O mesmo problema ocorreu, em menores proporções, na agência de Messejana do Banco do Brasil. A fisioterapeuta Socorro Pequeno diz ter ficado surpreendida com a forma de atendimento no BB. "Tinham muitos velhinhos na fila, alguns que mal conseguiam andar, para pegar uma senha e depois esperar no interior da agência, onde tem cadeiras", disse. Apesar da grande quantidade de clientes, não havia filas na calçada do banco.
Por telefone, a assessoria de imprensa da Caixa Econômica informou que não está fazendo atendimento com horário ampliado para suprir as demandas geradas com a greve e que não havia informações mais detalhadas sobre os fatos relatados pela reportagem na agência da Avenida Bezerra de Menezes.
Segundo o Banco do Nordeste, a tendência é que o atendimento volte à normalidade ao longo da semana, mas já se espera redução substancial do fluxo de clientes a partir de hoje. A assessoria do Banco do Brasil foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta edição.
Acesso ao bancoOs clientes que precisavam de atendimento na agência da Caixa Econômica Federal da Avenida Bezerra de Menezes, na manhã de ontem, tiveram que ficar na fila, que começava na Rua Cruz Saldanha.
Mesmo esperando por horas, a entrada na instituição financeira não era garantida pelos funcionários. O acesso aos caixas eletrônicos era liberado. Foto: Natasha Mota
GABRIELA RAMOSREPÓRTER
Demora
Sem cartão e sem seguro-desemprego
Desempregada, Glecia Pontes, 28, veio de Pentecostes, a 103 quilômetros de Fortaleza, em uma motocicleta com o marido.
O objetivo era receber o cartão do Cidadão, a fim de sacar o seguro-desemprego. "Vim semana passada e estava em greve. Hoje (ontem) desisti de entrar. Tem gente passando na frente, está uma confusão", reclamou.
Glécia PontesDesempregada
FONTE: DN
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