Fortaleza e Ceará têm arrecadação milionária com mercado de camisas; saiba como funciona produção
Em 2016, o Paysandu lançou um novo movimento no mercado esportivo: a criação da marca própria Lobo. Da região Norte, a ideia se expandiu e chegou ao futebol cearense. Hoje, Ceará e Fortaleza estão entre os principais expoentes da comercialização de uniformes - gerando receitas milionárias.
O processo compreende o domínio de todas as etapas de fabricação, do design à distribuição. Assim, as equipes conseguem lucrar sem vestir uma grife internacional, como Nike, Puma e Adidas. Em 2020, por exemplo, com a pandemia de Covid-19, o lucro somado dos times com a venda de peças foi de R$ 21 milhões (valor bruto, sem considerar despesas como logística e produção).
Ceará: R$ 12 milhões (valor bruto) | 126 mil camisas vendidas
Fortaleza: R$ 9 milhões (valor bruto) | 130 mil camisas vendidasO montante representa acréscimo de receita quando comparada com gestões anteriores. Das equipes, o Fortaleza iniciou a Leão 1918 em 2016, substituindo a Kappa, então fornecedora italiana. Na antiga relação, o clube não tinha dados sequer da quantidade de camisas vendidas.
"Hoje, em relação à marca própria e ao varejo, são um diferencial competitivo na receita. Com a marca própria temos mais flexibilidade na produção dos uniformes, sem ter um período definido. Tem um corpo maior de produção e, como temos um varejo próprio, a gente pode ter uma relação mais próxima com o torcedor do ponto de vista de preço”, explicou o presidente tricolor Marcelo Paz.
"É um projeto vencedor que criou um relacionamento mais próximo do clube com o torcedor, criou empatia, autoestima e orgulho para o torcedor. Temos vendido e lançado no mercado algo nunca visto na história do clube, são diversos produtos adquiridos disponíveis para a torcida, se tornando inclusive uma fonte de receita muito importante”, analisou o presidente alvinegro Robinson de Castro.
O detalhe é que ambos realizam a confecção através da Bomache, fábrica cearense especializada em materiais esportivos, localizada no bairro Messejana, em Fortaleza. A iniciativa local valoriza o comércio estadual e aproxima ainda mais as partes da linha de produção - um zelo maior ao que será entregue ao torcedor.
“A camisa da marca própria conversa com o torcedor, os clubes participam e passam o DNA deles. Nas outras marcas têm que acontecer da camisa conseguir chegar no gosto (da torcida), é linha de produção, já essa fica com 99% porque leva o DNA. A marca própria também é de clube grande, que estão acima de 120 mil peças ano”, declarou Alexandre Dalla, gestor comercial da Bomache.
Na próxima Série A do Brasileiro, seis dos 20 participantes estampam a própria marca. No Nordeste, segundo levantamento do blog do Cássio Zirpoli, são 18 adeptos - o pioneiro foi o Fortaleza.
CLUBES DA SÉRIE A DE 2021 COM MARCA PRÓPRIA
América-MG | Sparta
Atlético-GO | Dragão Premium
Bahia | Esquadrão
Ceará | Vozão
Fortaleza | Leão 1918
Juventude | 19Treze
PROCESSO DE FABRICAÇÃO
Apesar de uma única empresa centralizar a produção das camisas oficiais, Ceará e Fortaleza apresentam logísticas diferentes no desenvolvimento dos respectivos materiais. Cada gestão envolve mecanismos de produção que passam por critérios específicos até o aval completo do novo produto.
O time tricolor, prestes a completar cinco anos de lançamento da Leão 1918, tem um profissional à frente das etapas de design (Bruno Bayma) e coordena o próprio varejo, administrando por conta própria as lojas - que entram nas receitas apresentadas em orçamento.O Vovô, com marca própria desde o fim de 2019, consegue lucro através do sistema de franquia, com royalties - o valor não faz parte de balancetes. Assim, o clube não é responsável por pontos como o estoque, apesar de acompanhar o processo. Os designers também são independentes.
Clubes do Nordeste com marca própria (por Blog do Cássio Zirpoli)
09/2016 – Fortaleza (Leão 1918)
03/2017 – Treze (Areno)*
05/2017 – Santa Cruz (Cobra Coral)
12/2017 – CSA (Azulão)
12/2017 – Salgueiro (Carcará)*
12/2017 – River (Carijó)
01/2018 – Central (Patativa)*
03/2018 – Sampaio Corrêa (Tubarão 1923)*
09/2018 – Bahia (Esquadrão)
12/2018 – Sergipe (Gipão)
02/2019 – CRB (Regatas)
03/2019 – Náutico (N Seis)
10/2019 – Botafogo-PB (Belo 1931)
10/2019 – Afogados (Coruja)
12/2019 – ABC (Elefante MQ)
12/2019 – Ceará (Vozão)
12/2019 – ASA (Gigante)
01/2021 – Vitória (Nego)
(*) clubes com marcas próprias extintas ou suspensas
ORIGEM HISTÓRICA
No Fortaleza Esporte Clube, a linha criativa de produção atravessa a história, de modo a cada peça ter como origem um enredo. Foi assim em uniformes como Les Bleus (influência francesa), Centenarium (com a Cruz de Santiago), além de Luar e Sertão (com traços de Espedito Seleiro).
Torcedor do clube, Bruno Bayma é o gerente de projetos e responsável pelo design dos uniformes. O profissional pensa nos modelos, conversa com a fábrica os processos e os apresenta para a diretoria executiva e conselheiros - depende do aval para prosseguir com a execução.
“Uma camisa não é feita sozinha, é sempre compartilhada. A gente pede aprovação da direção, sugestão de torcedores e com pessoas de confiança. Então é compartilhado, desenvolvido em várias mãos, mas finalizado por mim, desde o início da Leão 1918”, afirmou Bayma.
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