Amigos de jovem atropelada e ciclistas protestam em Botafogo, Rio

A estudante foi atropelada por um ônibus na terça (11). Ela morreu na hora e o ônibus não parou no local, segundo testemunhas. A jovem usava uma bicicleta alugada no Bike Rio, projeto da prefeitura patrocinado por um banco.

De acordo com uma das coordenadoras do projeto, Tati Carvalho, que esteve no funeral, o pedido por um espaço na São Clemente exclusivo para ciclistas é antigo.

"De tanto em tanto tempo, nós fazemos uma contagem em alguns lugares do Rio. Durante um dia inteiro, a gente se divide e vê quantos ciclistas passam. E fazemos várias anotações, por exemplo se ele usa a calçada, ou não, se é homem, mulher, criança. Este ano fizemos duas. Uma na [Rua] Real Grandeza e outra na Voluntários da Pátria. E tem aumentado muito o número de ciclistas, mas a infraestrutura não tem acompanhado", reclama a coordenadora.

Fora a necessidade específica de uma ciclovia, para Tati também é fundamental o treinamento de motoristas de táxis e ônibus para educá-los no trânsito. Além disso, a cicloativista sugere mais multas na região para coibir maus motoristas.

"A gente [até] tem reunião com a prefeitura, mas a gente vai, eles ouvem e depois passam meses e meses e as coisas não andam. Até porque muitas vezes que projeta [as ciclovias, ciclofaixas etc] são técnicos, e muitas vezes eles não andam de bicicleta", explicou Tati.

"Ela amava a humanidade. Fazia o bem. Ajudava a construir casas em outras favelas. Ela era amor", disse Simone Rezende, tia de Júlia após o enterro da jovem, no Cemitério São João Batista, também em Botafogo.

A Capela 8 foi tomada por dor e lágrimas. No velório, a todo momento as pessoas entoavam cânticos. A sala onde o corpo da jovem foi velado não comportou aqueles que foram se despedir.

De acordo com amigos, Julia havia se formado no ensino médio no Colégio Santo Inácio no ano passado e se preparava para cursar medicina.

"Tinha um futuro todo pela frente. Era uma menina tímida, mas com muita decisão. Me tira toda a alegria. Era uma menina alegre, o irmão também, e querida na comunidade", disse, com voz consternada,  a auxiliar de enfermagem e amiga da família Dolores Meireles.

Motorista não parou
Dolores também contou que na comunidade todos "estão revoltados [com o atropelamento]". "[Agora] é correr atrás do que não foi feito. Segundo falam, não foi prestado socorro e o tal motorista não foi encontrado".

A Polícia Civil abriu um inquérito para identificar e localizar o motorista que atropelou Julia.Em nota, o consórcio Intersul lamentou e informou que vai "colaborar com a investigação da polícia para identificar o ônibus que se envolveu neste acidente".

Fonte: G1