Motorista que fugiu após acidente com morte diz que escondeu arma
O jovem Allan Bomfim, de 21 anos, que dirigia o carro envolvido no acidente que resultou na morte de Patrick Cerodio, de 20 anos, em Santos, no litoral de São Paulo, disse em depoimento à Polícia Civil que não ingeriu bebida alcoólica antes de assumir a direção do carro e que o veículo estava a "70 ou 80 km/h" no momento da colisão.
O acidente aconteceu no dia 8 de julho, na Avenida Washington Luiz, no bairro Gonzaga. Allan dava carona para dois amigos quando perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Patrick, que estava no banco do passageiro, teve o braço decepado e chegou a ser socorrido ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Já o outro passageiro, que estava no banco de trás, João Pedro Vieira, não ficou ferido.
Allan se apresentou à polícia apenas nesta terça-feira (12), mais de 72h após o acidente. De acordo com o advogado do jovem, José Luiz Macedo, ele só se apresentou nesta terça-feira pois foi a data em que foi intimado.
Ele chegou ao 7º Distrito Policial de Santos por uma entrada lateral reservada apenas para funcionários ou detentos, despistando os jornalistas que o aguardavam. Segundo a delegada responsável pelas investigações, Lilian Rodrigues, a decisão de permitir a entrada de Allan pelo local foi tomada após um pedido do advogado de defesa do jovem e, segundo ela, não visou nenhum privilégio ao rapaz.
O depoimento durou cerca de uma hora e trinta minutos. Após prestar esclarecimentos, o motorista deixou o local sem conversar com os jornalistas que estavam do lado de fora da delegacia.
Segundo a delegada responsável pelas investigações, o jovem também confessou estar acima da velocidade permitida na via, que é de 50 km/h. "Durante o depoimento, ele [Allan] nos disse que estava a 70 ou 80 km/h. Ele disse que acelerou após o semáforo ficar amarelo e perdeu o controle do carro por conta do desnível no Canal 3", disse a delegada.
'Objeto misterioso'
Câmeras de monitoramento gravaram os momentos logo depois da colisão.
Câmeras de monitoramento gravaram os momentos logo depois da colisão.
As imagens mostram que Allan sai do carro após a colisão e segue diretamente em direção ao porta-malas, onde retira um objeto e caminha para o outro lado da rua, em direção ao canal. Em seguida, ele volta ao local do acidente, já sem o objeto em mãos (veja o vídeo ao final da matéria).
Segundo o depoimento do rapaz à polícia, o objeto em questão seria uma arma utilizada para prática do esporte airsoft. "O Allan nos disse que pensou em jogar a arma fora, pois o pai havia dito a ele para não andar com o objeto no carro", disse a delegada Lilian.
Nas imagens, também é possível ver o jovem conversando no telefone durante um bom período. Segundo a delegada, Allan disse que conversava com seu advogado, que também é amigo da família do rapaz.
Inquérito
Agora, a delegada irá ouvir novos depoimentos e aguarda a conclusão de laudos periciais para concluir o inquérito.
Agora, a delegada irá ouvir novos depoimentos e aguarda a conclusão de laudos periciais para concluir o inquérito.
Um dos laudos apontará a real velocidade que o veículo estava.
Segundo Lilian, por conta da diferença de dias, não será possível determinar se Allan estava ou não embriagado no dia do acidente.
Ele também afirmou à polícia que esse era o primeiro acidente que se envolvia. "Durante o depoimento, ele se mostrou muito assustado e apreensivo, até por conta da repercussão do caso", concluiu a delegada.
O caso foi registrado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar, omissão de socorro e fuga do local do acidente. No entanto, segundo Lilian, o rapaz pode ser indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar, dependendo dos laudos.
Fonte: G1
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