Dnit prevê 8 passarelas provisórias
Cerca de 70 pessoas da comunidade Cidade Nova, no Bairro Jangurussu, fecharam o quilômetro nove da BR-116, durante uma hora, na manhã de ontem, como forma de demonstrar insatisfação contra a ausência de passarelas no local. Segundo os moradores da região, os atropelamentos frequentes na via são prova de que a situação chegou ao limite e que medidas urgentes precisam ser pensadas.
As travessias temporárias devem ser semelhantes à existente na Avenida Washington Soares, localizada em frente ao Centro de Eventos do CearáA pedido dos organizadores da manifestação, representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estiveram no local e garantiram que, até novembro, oito passarelas provisórias devem ser instaladas na BR-116.
Os representantes do órgão não quiseram falar com a impressa. Em conversa com a população, afirmaram que, desde o dia 22 de fevereiro, estão em discussão estudos sobre a melhoria da travessia urbana na BR.
Segundo os técnicos do Dnit, no dia 11 será aberto edital para a contratação da empresa que implantará as oito passarelas, semelhantes à existente na Av. Washington Soares localizada em frente ao Centro de Eventos - equipamento de metal temporário, que aguarda finalização de estrutura de concreto prometida pelo Departamento Estadual de Rodovias (DER) desde o ano passado e sem prazo para iniciar, conforme o órgão.
A previsão do Dnit é que o investimento das novas travessias seja de R$ 7 milhões. Ainda conforme dados dos representantes do órgão à comunidade, as oito estruturas serão erguidas no mesmo período, porém, os trechos que abrangem os quilômetros sete, nove e 20 terão prioridades, por se tratar de locais onde há grande concentração de acidentes.
A instalação das passarelas provisórias, no momento, foi a melhor opção encontrada pelo Dnit para facilitar o trajeto dos pedestres. Entretanto, o órgão afirma que elas devem ficar no local somente durante um ano, sendo necessário a construção de estruturas permanentes.
Iniciativa
Ciente disso, o Dnit afirma que já deu início a um estudo técnico para a construção de passarelas permanentes, 13 no total. A previsão é que, antes das passarelas provisórias completarem um ano, a estrutura permanente já esteja pronta para ser construída na BR-116. Porém, quando os equipamentos temporários forem retirados e as passarelas permanentes estiverem em construção, a população vai continuar sem ter por onde transitar.
Sobre essa questão, os agentes do Dnit não quiseram entrar em detalhes. Procurados pelos jornalistas que acompanharam o protesto, a superintendência do órgão não se pronunciou.
O organizador do protesto, o motorista Djacy Rodrigues, afirma que essa foi a segunda vez que a comunidade interditou a BR com o intuito de chamar atenção para o problema. "É um protesto a favor da vida. Nosso objetivo é a construção das passarelas para evitar que outras pessoas sejam atropeladas. Há um ano, fomos ao Dnit falar sobre nossa dificuldade, mas tudo o que conseguimos foram os redutores de velocidade, que não ajudam muito, já que os motoristas não respeitam", disse.
A estudante Maria Aguiar comenta que leva cerca de 20 minutos para atravessar a BR-116 e que várias vezes quase foi atropelada. "Já perdi um primo meu e não quero mais ficar me arriscando. É visível que o fluxo de carros aumentou e não há como competirmos com isso, precisamos de um lugar para atravessar que seja só nosso", disse.
Vítimas
Estatísticas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) comprovam a preocupação da comunidade. Segundo dados da PRF, só neste ano, 23 pessoas morreram vítimas de atropelamentos nas BR´s do Estado (116,020 e 222). Deste total, 17 foram atropeladas na BR-116, duas na BR-020 e quatro na BR-222. Ainda segundo a PRF, a maioria dos acidentes são causados por imprudência dos motoristas, como alta velocidade e embriaguez.
Também para reduzir o número de acidentes, o Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil pública solicitando que a BR-116 receba passarelas provisórias em seis trechos da Capital. No dia 12 de junho, uma audiência foi realizada na Justiça Federal, quando ficou determinado a implantação dos equipamentos.
ENQUETE
Como vivem as pessoas do entorno da BR?
"Há anos todos nós estamos esperando por passarelas. Preciso atravessar essa pista todos os dias e demoro, no mínimo, 15 minutos. Eu corro muito risco"
Mariana AlvesEstudante
"Agora, temos que esperar. Desejo muito que essas passarelas fiquem prontas, porque não aguento mais perder pessoas próximas e pôr em risco minha vida"
Rafaela TavaresAgente administrativa
LÍVIA LOPESREPÓRTER
FONTE:DN
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