“Já virou epidemia”, diz presidente de Conselho sobre Drogas a respeito da situação em Iparana

As palavras do presidente do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas (Cepod), major Edálcio Aragão, refletem a realidade da situação do bairroIparana com relação ao tráfico de drogas ecomunidades terapêuticas irregulares. “Já virou epidemia”, disse. E isto pode ser comprovado na prática. A Redação Web do Diário do Nordeste esteve no bairro para verificar as denúncias dos moradores. Ao chegar ao município de Caucaia, a quantidade de comunidades terapêuticas e a proximidade entre elas chama a atenção.

Dependentes químicos procuram tratamendo nas comunidades terapêuticas, mas a maioria é irregular. Foto: Arquivo

Uma das entidades apontadas pelos moradores é comandada pelo pastor Neto, como é conhecido. Segundo uma moradora, que não quis se identificar, os dependentes químicos internados lá não recebem nenhum tipo de tratamento. "Os meninos do pastor Neto entram num dia e saem no outro pelas ruas vendendo canetas e pedindo alimento", disse. "Depois eles vão ali pra praça fumar de novo", completou. A reportagem foi até a comunidade do pastor Neto, local de difícil acesso e sem placas de identificação. O pastor Neto não estava, mas um homem informou que o valor da internação custava "trezentos reais e uma cesta básica".

Apesar da necessidade de um psicólogo para traçar o plano de tratamento dos pacientes, um dos requisitos mínimos para funcionamento de uma entidade desse tipo, a comunidade do pastor Neto não apresenta este atendimento nem mesmo recebe visitas de assistentes sociais. "Aqui não tem psicólogo nem assistente social não", confirmou um dos monitores do local.

Casas oferecem até cigarro e cerveja

Outra denúncia sobre comunidades irregulares na região parte de um morador que é ex-dependente químico e já passou por tratamento em várias entidades em Iparana. “Tem é muita casa como essa aqui. Tem uma que você paga R$ 1,2 mil e você tem direito a não sei quantos cigarros por dia e uma cerveja. Como é que trata dependência desse jeito?", disse em tom irônico.

Outra mulher revela: “Os meninos da comunidade “Jesus te chama” vendem os quilos de alimentos deixados pela família para comprar droga de novo. Eles vêm aqui na porta da minha casa vender os quilos de alimentos”, revelou. Em poucos dias, a reportagem retornou ao local indicado pela mulher, mas a comunidade já havia sido fechada. Na porta, um aviso: “esta entidade não tem licença para funcionar e está fechada”.