PIB DO PAÍS NO 2° TRIMESTRE AVANÇA, MAS DECEPCIONA

Plantão Ceará | 07:57:00 | 0 comentários

Resultado, que foi o menor entre os Brics, mantém projeções pessimistas para a economia no ano
Rio de Janeiro. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro voltou a decepcionar no segundo trimestre deste ano, crescendo somente 0,4% (1,6% em termos anualizados), comparado ao trimestre anterior, na série livre de influências sazonais. O resultado, que ocorreu mesmo com forte redução dos juros e diversas medidas tributárias e creditícias de estímulo desde o segundo semestre do ano passado, consolida o pessimismo em relação ao crescimento em 2012, levando a projeções de 1,5% no ano ou até menos.



Os dados do PIB do segundo trimestre foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Foi o que se esperava, um desempenho ruim, e o segundo semestre não parece nada tranquilo, dadas as sinalizações de julho e agosto", diz Sérgio Vale, economista da MB Associados. Ele reviu a projeção do ano de 1,5% para 1,3%, e prevê crescimento da apenas 3% em 2013.

Recuperação à vista?

Na ponta mais otimista, há análises como a do departamento de pesquisa de mercados emergentes do banco inglês Barclays, para o qual "o pior da atividade já ficou para trás e a recuperação já está começando a emergir no Brasil". O relatório cita a queda de estoques de veículos como fator positivo para o terceiro trimestre. Em relação ao mesmo período de 2011, a expansão no segundo trimestre foi de apenas 0,5%, pior resultado desde o terceiro trimestre de 2009, em plena crise global.

Recuos na indústria, nos investimentos e nas exportações foram os principais responsáveis pelo mau resultado do PIB no segundo trimestre.

Essa retração foi contrabalançada pelo ritmo apenas moderado de crescimento dos serviços e do consumo das famílias, insuficiente para produzir um resultado mais animador do PIB total no segundo trimestre.

Destaque positivo

O destaque positivo foi a agropecuária, que cresceu 4,9% (21% anualizado) no segundo trimestre, na comparação com o primeiro, livre de influências sazonais. O setor foi puxado pelo crescimento das safras de milho, café e algodão. Porém, representando apenas 5,5% do PIB, a agropecuária não fez forte diferença no resultado total.

Mesmo com o fraco desempenho, o PIB de abril a junho significou uma melhora em relação aos três trimestres anteriores, período em que a economia ficou parada, com taxas de respectivamente 0,2% negativo, 0,1% e 0,1% do terceiro trimestre de 2011 ao primeiro de 2012 (na comparação dessazonalizada com os trimestres anteriores). Nos quatro trimestres até o final de junho, o PIB brasileiro cresceu apenas 1,2%.

Ponto negativo

A indústria teve um recuo de 2,5% no segundo trimestre, ante o primeiro, na série sem influências sazonais. No mesmo critério, a indústria de transformação também recuou 2,5%. Na comparação com o segundo trimestre de 2012, a indústria caiu 2,4% e a indústria de transformação teve forte recuo de 5,3%, pior resultado entre os 11 subsetores da indústria, e quarta queda trimestral consecutiva. Tanto no caso da indústria quanto no da indústria de transformação, são os piores número desde o terceiro trimestre de 2009.

Nos serviços, o principal destaque foi o item ´administração, saúde e educação públicas´. Segundo Rebecca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, o 2º ano de governo normalmente tem mais concursos e contratações, após uma certa parada de início de mandato - o que influenciou a alta da administração pública, além das restrições a contratações no 2º semestre de anos eleitorais. Outro crescimento significativo nos serviços foi o dos seguros.

Agropecuária
4,9% foi o crescimento da agropecuária no segundo trimestre deste ano, o maior dentre os setores nacionais

OPINIÃO DO ESPECIALISTA
´Vagão´ deve ganhar ritmo nos próximos meses
Há uma expectativa de que haja mais ânimo econômico nos últimos dois trimestres deste ano, criando um ritmo melhor também para o começo de 2013. As políticas monetárias e fiscais a que o governo tem recorrido, como redução de IPI para carros e linha branca, podem exercer maior influência nesse período, porque, naturalmente, existe um hiato entre as medidas e a efetiva resposta do mercado. Assim, o Brasil, que é o sexto grande vagão dessa locomotiva mundial, pode voltar a correr. É claro que soma-se ainda a dependência de todo o cenário internacional.

A indústria continua em xeque por conta da baixa produtividade; do câmbio - que ainda é um elemento que afeta -; e da concorrência externa. Mas pode ser também que esse momento seja de inflexão para esse setor. Podemos assistir a uma mudança estrutural e não só conjuntural, com a agroindústria brasileira ganhando destaque.

Ricardo Eleutério
Economista e professor
 

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