46% DAS AGÊNCIAS DE BANCOS DO CEARÁ ESTÃO SEM ATENDIMENTO
Em todo o Brasil, 23,63% das agências bancárias aderiram à greve, totalizando 5.132 estabelecimentos
O primeiro dia da greve dos bancários iniciou sem maiores transtornos nas agências da Capital, devido à pequena movimentação. No Estado, 46% das agências paralisaram - 223 de um total de 484, segundo levantamento realizado pelo Sindicato dos Bancários do Ceará (Seeb-CE). No País, o número cai para 23,63% - 5.132 de 21.713, segundo a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).
No Estado, 223 agências aderiram ao movimento, segundo informações do Sindicato dos Bancários do Ceará Fotos: José LeomarAvisados por cartazes e funcionários deixados nas agências pela categoria, na fachada e diante de todas as portas giratórias que davam acesso aos guichês, os clientes não insistiram no atendimento e amargaram o retorno para casa sem resolução para as demandas levadas aos bancos. Alguns dos problemas, inclusive, eram solucionados apenas pelo atendimento presencial, como o de Maria de Fátima Santos, 40. Na companhia da sobrinha, a auxiliar esperava desbloquear a senha do cartão de crédito na manhã de ontem na agência do Centro do BNB, mas não conseguiu.
Ela errou o código pedido no caixa eletrônico mais de três vezes e, agora, tem de recorrer à agência na qual fez a conta para desbloquear o cartão e voltar a ter acesso a todos os serviços ofertados. "Eu tinha pedido até a manhã de folga para o meu chefe e vim lá da Messejana na esperança de conseguir isso ainda hoje (ontem), pois tenho que estar meio dia no trabalho", disse.
Ciente da greve, o representante comercial Cosme Távora também tentou a sorte na manhã de ontem quando esteve na agência do Banco do Brasil da Avenida Duque de Caxias para depositar uma "grande quantia em dinheiro". Sem a opção de depósito no caixa eletrônico - pois o valor que detinha ultrapassava os R$ 2 mil de limite permitido -, ele teve de voltar ao trabalho ainda com o dinheiro. "Além do transtorno isso gera muita insegurança para a gente", protestou. O medo de Cosme deve-se aos vários casos de pessoas assaltadas logo depois de saírem das agências bancárias de posse de muito dinheiro - as famosas saidinhas bancárias - e que vêm acontecendo com bastante frequência no Estado.
Seja por medo de andar com muito dinheiro seja por saber que os problemas não seriam solucionados, os clientes que encaravam a fila e eram tradicionalmente encontrados nas agências da Caixa Econômica Federal no Centro também não ficaram para lamentar a falta de atendimento. Nos bancos privados visitados pela reportagem (Bradesco, Itaú e Santander), a movimentação foi semelhante à dos públicos: quase sem ninguém nas primeiras horas da manhã, entre 7h e 9h, e com um fluxo maior de desavisados da greve e outros tantos que recorriam aos serviços dos caixas eletrônicos, depois das 10h.
Sem negociação
Concentrados na Praça do Ferreira, os diretores do Sindicato confirmaram a falta de uma data para a negociação com os representantes dos bancos e lembraram que o último dia que sentaram para negociar o reajuste e demais demandas da categoria foi no último dia 4.
Fenaban e Abance
Por meio da assessoria, a Federação Nacional do Bancos (Fenaban) disse que "lamenta a decisão dos sindicatos de bancários de recorrer à greve". Até o fechamento desta edição, a reportagem não conseguiu contato com os representantes da Associação dos Bancos do Ceará (Abance).
Lotéricas têm limitaçõesA aposentada Margarida Almeida diz achar perigoso receber dinheiro nos correspondentes Fotos: Fabiane de Paula
No primeiro dia de paralisação, dos bancários as casas lotéricas tiveram movimentação bem abaixo da esperada - segundo funcionários entrevistados pela reportagem no fim da tarde de ontem. Porém, caso a greve se estenda até o próximo mês, as filas devem aumentar significativamente - devido ao pagamento a aposentados e beneficiários.
A professora aposentada Margarida Almeida, 74, destaca que prefere utilizar os correspondentes apenas para efetuar pagamentos, devido à demora do atendimento nos bancos. Porém, ela diz não arriscar receber a aposentadoria por outros meios. "Na greve do ano passado, esperei o outro mês para pegar o dinheiro. É muito perigoso. Já fui assaltada duas vezes", diz.
Com o cartão, aposentados da Caixa podem receber o dinheiro no correspondente assim como beneficiários do Bolsa Família. Para saques, é permitido valores de até R$ 1 mil, para clientes Caixa, R$ 500 para clientes do Banco do Brasil (BB) que tenham cartão com chip e de R$ 200 para cartões BB sem chip. É necessário que o titular da conta compareça com o RG. Os depósitos são apenas para clientes Caixa de até R$ 1 mil por dia ou três depósitos na mesma conta - independente do valor.
O pagamento de boletos é apenas em dinheiro e pode ser no valor de R$ 2 mil, da Caixa, e até R$ 700, para outros bancos. Contas municipais, estaduais e federais podem ser de até R$ 1mil. Não existe operação de débito em conta e o boleto tem que ser levado impresso. Pagamentos atrasados só da Caixa e com até 30 dias do vencimento. O horário de funcionamento é de 8h às 18h, sendo até 19h em shoppings e supermercados.
Restrições
Como os estabelecimentos são independentes, há proprietários que tem estipularam limitações, mesmo fugindo dos padrões determinados. Um gerente de lotérica, que não quis ser identificado, afirmou à reportagem que, com a greve, reduziu o limite máximo para saques com o intuito de diminuir assaltos.
Pouca movimentação
A reportagem visitou várias agências bancárias da Capital, na manhã de ontem, primeiro dia da paralisação, e constatou que um número menor de clientes procurou os serviços bancários, contribuindo para que o atendimento nos caixas eletrônicos ocorresse sem transtornos
Orientações
Quem buscou atendimento presencial foi recepcionado por cartazes que avisavam sobre a paralisação e também por bancários que deram orientações sobre os serviços em funcionamento
Manifestação
Os grevistas realizaram manifestações durante todo o dia de ontem.
Contraste
A unidade da Caixa Econômica Federal localizada na Praça do Ferreira, no Centro da cidade, amanheceu de um modo diferente ontem. Apenas algumas pessoas foram até o prédio, contrastando com as filas que são costumeiras no local.
Sem filas
Por não estarmos ainda no fim do mês, quando é maior a movimentação nos bancos e nos seus correspondentes devido aos pagamentos de salários, aposentadorias e outros benefícios, as casas lotéricas também tiveram um dia tranquilo, sem filas ou grande procura.
ARMANDO DE OLIVEIRA LIMA
REPÓRTER
Fonte: DN
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