Eduardo Paes afirma que segurança não será problema na Olimpíada

Plantão Ceará | 08:17:00 | 0 comentários

O prefeito Eduardo Paes num ônibus do Transolímpico: ele aposta que mobilidade foi uma grande conquista - Gabriel de Paiva / Agência O Globo


Descontraído em seu gabinete no Centro Administrativo, na Cidade Nova, o prefeito Eduardo Paes citou as obras de mobilidade e de revitalização da Zona Portuária como os principais legados dos Jogos. Depois de ter dito à rede americana CNN que o governo estadual faz um trabalho “horrível, terrível” na segurança, ele afirmou que, de fato, a situação “é muito ruim”, mas não deve afetar a Olimpíada. Paes está mais preocupado com o que vai acontecer após o evento, quando o carioca voltar à sua rotina e as tropas federais deixarem a cidade. O prefeito garante estar confiante no sucesso do evento e que a única coisa que o tira do sério é “ver as pessoas que parecem ter prazer em detonar a cidade”.


Como é o sentimento de estar à frente da Olimpíada, que coloca o Rio sob os holofotes do mundo inteiro?
Nem nos meus mais lindos sonhos, quando me candidatei a prefeito, eu imaginava que a gente pudesse ter tanta transformação e legado na cidade. É o que me emociona. Acho legal os estádios estarem prontos, eu gosto do Parque Olímpico, mas não é algo que me cale fundo no coração. Se eu pudesse não ter feito nenhum estádio, seria mais feliz ainda. Fiz por necessidade, porque os outros não fizeram. As transformações pelas quais a cidade passa, inspiradas pela Olimpíada, são algo impressionante. O BRT Transolímpico, por exemplo, é do plano policromático do Doxiadis, do governo Carlos Lacerda. O Transcarioca é do plano policromático do Doxiadis. O próprio Transbrasil, embora seja numa via já implantada, não deixa de ser. Quando você consegue tirar do papel a revitalização da Zona Portuária, a implantação do VLT...

O principal ganho foi de mobilidade?
Os dois maiores ganhos diretos da Olimpíada foram a mobilidade e a revitalização do Centro da cidade, que, na verdade, significa a reversão de uma lógica histórica, muito ruim para o Rio, que é a fuga dos seus problemas. Pela primeira vez no desenvolvimento urbano da cidade, o Rio se volta para sua área antiga. As cidades brasileiras, e o Rio também é assim, vêm crescendo sempre abrindo novas fronteiras e abandonando o que se degradou. Pela primeira vez, você faz uma inversão dessa lógica, revitaliza a Zona Portuária, o que é muito simbólico, pois o Rio encontra suas próprias origens. Mas a gente operou muito com PPP (parceria público-privada), com concessão, conseguiu muito dinheiro privado. E a Olimpíada foi um bom argumento para conseguir isso. Eu jamais teria implodido a Perimetral em tempos de temperatura normal. A gente implodiu em 2013, com 85% de desaprovação. A minha mãe me ligou no dia da implosão para perguntar se eu tinha certeza do que estava fazendo (risos). Essa quantidade de dinheiro privado permitiu à prefeitura avançar em outras áreas, que não são olímpicas e têm menos visibilidade, mas que são muito transformadoras. Houve expansão na área da saúde, com as clínicas da família. A prefeitura do Rio não tinha nenhum hospital na Zona Oeste, hoje temos três. Tínhamos dez postos de saúde, e hoje temos 50 clínicas. Não tínhamos nenhuma UPA. Agora, temos umas oito.

E como está o caixa da prefeitura?

Quando você olha os números da prefeitura, os números da Lei de Responsabilidade Fiscal, endividamento, folha, custeio, investimento, vê que o futuro aponta para se fazer mais ainda. É uma situação absolutamente confortável. Havia quase 80% de endividamento sobre as receitas correntes líquidas. Baixamos para 30%. O próximo prefeito do Rio, apesar de todos esses investimentos, tem uma capacidade de endividamento que pode chegar a 120%.

E por que críticas tão duras ao governo estadual, a um mês da Olimpíada?

Foi uma coincidência. O que eu reclamei no sábado, a partir de uma matéria do jornal O GLOBO, foi desse mi-mi-mi de culpar a Olimpíada por tudo. Adoro o Luizinho (Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior, secretário estadual de Saúde), acho que é um excelente quadro, mas é inaceitável que um sujeito com um único hospital na cidade venha dizer que vai ter uma crise na Olimpíada porque vai fechar o hospital dele. Todos os hospitais de referência da Olimpíada são da prefeitura. Dificuldade, todo mundo passa. Até na nossa vida pessoal. Mas ficar igual àquele personagem de desenho animado, “oh, vida, oh, céus”, não dá. Acho que o governador Dornelles, com muita habilidade política, conseguiu lograr êxito. Ganhou do governo federal R$ 3 bilhões. A partir disso, vamos trabalhar.

O senhor disse à CNN que o estado faz um trabalho “horrível, terrível” na segurança. Essa é uma preocupação para o evento?

A segurança impacta a vida dos cariocas. A gente está acostumada a fazer grandes eventos no Rio e a ver a segurança melhorar. Quando baixam a Força Nacional, o Exército, as Forças Armadas, eles resolvem. O problema é depois que eles vão embora. Esse é o desafio. As coisas estão muito ruins. Não acho que é uma administração terrível. Ao longo dos anos, houve uma evolução, e eu tenho sido parceiro nisso. Agora, a situação atual é muito ruim. Você teve um fim de semana de arrastões. Teve arrastão no Paulo de Frontin de novo. Não dá.

O senhor vê falha na gestão estadual?

O prefeito Eduardo Paes não tem nenhum tipo de conflito com o governo estadual. Claro que vem me incomodando, há algum tempo, o governo estadual, que não teve tantas responsabilidades assim na Olimpíada, neste momento de tensão, tratar o evento como se fosse um problema. Isso me incomodou. Se eles estão quebrados, não é por causa da Olimpíada. Se alguém poderia estar quebrado por causa da Olimpíada, seria a prefeitura. A Olimpíada nunca significou a salvação do Brasil e do Rio, nem a desgraça do Brasil e do Rio. É uma leitura pouco inteligente. 
Não é justo querer que o Rio estivesse igual a Londres, a Nova York ou a Paris, porque realizou a Olimpíada. O justo é comparar o Rio com o Rio. Amanhã (hoje), a gente mostrará a redução de tempo de quem pega o Transoeste para trabalhar na Barra. A pessoa, neste período em que o BRT está funcionando, economizou cem dias. Com o Transcarioca, em dois anos, o cara economizou 124 dias.

Não é trivial. É perfeito? Não. Mas tem uma coisa que, acho, tem a ver com o momento do Brasil, com crise política, econômica, aumento da violência, declaração de calamidade. É um complexo de vira-lata assoberbado. E aí me incomoda muito, porque a agressão passa a ser à minha cidade. Virou uma espécie de moda nacional ficar, agora, criticando o Rio. Não há nada mais absurdo que o artigo do “New York Times” de uma blogueira (Vanessa Barbara) que veio aqui um dia, não entende nada de Rio de Janeiro e fez um artigo com um destaque daqueles. Não dá para aceitar. Você tem um certo complexo de vira-lata e um monte de urubu que está querendo que o Rio se dane.

O senhor não está querendo se descolar do governo do estado porque tem uma eleição difícil pela frente e o seu candidato enfrenta uma situação eleitoral complicada?

Não, longe disso. As pessoas vão analisar a prefeitura do Rio. O que essa gente fez na prefeitura. O que o Pedro (Pedro Paulo Carvalho), como primeiro-ministro do Eduardo, representou nesse processo. Agora, o estado é outra história, independentemente da parceria, apesar da relação boa.

O senhor vai continuar nessa linha de fazer parcerias com a iniciativa privada? O senhor tem disposição de fazer outras parcerias?

A minha cota foi dada, com hospitais. O Rocha Faria e o Albert Schweitzer custavam R$ 500 milhões por ano (quando eram do estado). Para mim, estão custando R$ 300 milhões. Tem que ter gestão. Aprendi com Beto Sicupira que custo é igual unha. Tem que cortar sempre. Eu estou na fase de roer. Estou no talo.

Como foi a execução da Olimpíada em termos de custos?

A gente fez muito mais legado do que imaginava, por um preço muito abaixo do que se imaginava. Há uma comparação burra que fazem de que, com tantos problemas de saúde e educação, a prefeitura vai fazer Olimpíada... A prefeitura gastou em estádios R$ 732 milhões e, em saúde e educação, R$ 65 bilhões. Por quê? Porque fiz PPP, fiz concessão, fiz outorga onerosa para fazer campo de golfe.

Há delícias e também dores, como a queda da ciclovia. O que o senhor tem a dizer?

A ciclovia não é uma dor olímpica. É uma dor do prefeito. Toda vez que morre alguém por falha da prefeitura, você toma a dor.

O senhor está pronto para cobrir déficit do comitê organizador, se for o caso?

Ser for o caso, sim. Mas não será preciso porque a gente vem acompanhando isso muito de perto. Eu tenho obrigações contratuais com o Comitê Olímpico Internacional, que, infelizmente, o governo federal retirou. Acho que é a primeira vez em que um governo local leva uma Olimpíada nas costas assim.

O senhor teme que o legado dos equipamentos esportivos seja um fracasso pela falta de condição de controlar o futuro?

Sim. Vou amarrar o máximo possível. Mas você não tem como amarrar tudo.

Agora, na reta final, o que mais o preocupa?

Tudo. Cada noite é uma agonia. Essas coisas que vocês falam. Um atentado, o sistema de transportes não funcionar...

O senhor vai reservar algum momento para assistir a um evento dos Jogos?

A única coisa que eu tenho planejado é minha entrada no estádio na final. Estou pronto para a minha vaia sem problemas. Não vou deixar de entregar a bandeira em nome da minha cidade nem por um decreto. Podem me vaiar, podem me xingar.

Fonte: O Globo

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