11 médicos desistem de trabalhar em postos

Plantão Ceará | 09:00:00 | 0 comentários

Profissionais do "Mais Médicos" alegaram a carga horária de 40 horas semanais e a distância de casa
Onze dos 26 profissionais enviados para Fortaleza pelo "Mais Médicos" desistiram do programa do governo federal. Ao todo, apenas 15 médicos compareceram às Unidade de Atenção Primária à Saúde (Uaps) da Capital ontem, dia da primeira visita aos locais de trabalho. Foram beneficiadas 15 Uaps, divididas entre as Secretarias Regionais (SERs) III e V. O atendimento deve começar amanhã.

Apenas 15 profissionais compareceram no primeiro dia de visita aos locais de trabalho nas Regionais III e V, como a Unidade de Atenção Primária à Saúde (Uaps) do Siqueira. Os atendimentos devem começar amanhã. Foto: NAtinho Rodrigues

Dos 11 profissionais que deixaram o programa, quatro desistiram antes de embarcar para a Capital. Outros dois tomaram a decisão já na Cidade, enquanto cinco resolveram sair na última segunda-feira (2), quando foi realizada a reunião para designação dos locais de trabalho.

Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a principal justificativa dos desistentes foi a carga horária de 40 horas semanais e a distância entre as Uaps e a residência destes. A maior parte dos médicos que deixaram o programa era cearense e formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

"As pessoas têm rejeição à Regional V por ela ter fama de ser violenta, ser a mais pobre e ter um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) baixo", afirmou Rosélia Mesquita, coordenadora de Saúde da SER V.

Boicote

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou, ontem, que, se houver um boicote ao "Mais Médicos", "é uma perversidade". "Eu acho que, se for (um boicote), é de uma perversidade quase inimaginável, né? Todos os filtros foram feitos para garantir a seleção de quem realmente tinha interesse", destacou. Ele comparou a ausência dos profissionais às dificuldades cotidianas de contratação pelos gestores locais. "As secretarias de Saúde estão vivendo o drama que toda vez vivem quando fazem um concurso público", ressalta.

Na avaliação do ministro, as desistências mostram que é preciso buscar diferentes alternativas. "Isso só reforça a importância de termos estratégias das mais variadas para trazermos profissionais médicos de outros países. Temos número insuficiente de médicos hoje, sobretudo para dar conta da demanda por médicos na atenção básica".

As cidades têm até hoje para informar desistências ou exclusões de médicos selecionados na primeira etapa. Assim, poderão oferecer as vagas ociosas aos que já estão em fase de escolher as cidades para participar da segunda rodada de seleções.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), José Maria Pontes, as desistências não ocorreram por boicote e sim pelas condições de trabalho. "Enquanto o governo não investir em estrutura, isso vai acontecer. Acredito que ao chegarem nos postos de trabalho, eles viram as condições e perceberam que não davam para enfrentar", opina.

Alocação

Na SER III, foram alocados dois médicos, especificamente para o Uaps Luís Recamond Capelo, no bairro Bonsucesso. Esta foi a única unidade beneficiada desta Regional. Segundo a SMS, a área não tem muitos desfalques em suas equipes do Programa Saúde da Família (PSF).

Para a SER V, foram designados 13 médicos, por conta do número de habitantes, é superior ao da SER III, e pelo desfalque em suas equipes de PSF.

Entre os bairros beneficiados da Regional V, estão Conjunto Ceará (1), Vila Manoel Sátiro (1), Granja Lisboa (1), Bom Jardim (1), Aracapé (1), Conjunto Esperança (1), José Walter (1), Mondubim (1) e Siqueira (1).

No dia de visita, os médicos puderam conferir in loco as Uaps. No Siqueira, o médico cearense Márcio Tavares, 34, formado pela UFC, apesar de não ter uma sala para trabalhar, se surpreendeu positivamente, pois esperava uma situação de sucateamento. "Em termos estruturais, está tudo ´ok´. Falta a minha sala, mas sei que isso é temporário. A vista dos postos que eu conheço, este aqui está muito bom".

Segundo o gestor do Uaps Siqueira, Raimundo Felipe Júnior, o posto está dividindo parte da sua estrutura com a Uaps Abner Cavalcante, que passa por mudanças, por isso faltam salas.

Felipe Júnior está à frente da unidade há quatro meses, e conta que recebeu a unidade sem médicos. "Com a chegada deste profissional, completaremos as nossas duas equipes de PSF, já que um dos médicos deve voltar de licença no dia 10. Porém, não são suficientes para a demanda desta Uaps, que tem 30 mil pessoas cadastradas. O ideal seria de quatro a cinco equipes", diz. 

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