Trabalho: mulher perde espaço no mercado da RMF

Plantão Ceará | 07:56:00 | 0 comentários

A taxa de participação feminina caiu de 50,6% para 50,1% entre os anos de 2011 e 2012, segundo a pesquisa
As mulheres voltaram a perder espaço para os homens no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) no ano passado. Das 25 mil ocupações geradas entre 2011 e 2012 na RMF, 17 mil ou 68% foram ocupadas por trabalhadores do sexo masculino, restando apenas 8 mil postos (32%) para elas. Com isso, o nível ocupacional masculino cresceu 1,9% no ano passado, enquanto o feminino avançou só 1,1%, elevando a desigualdade entre os gêneros no mercado de trabalho local.


A população ocupada na RMF em 2012 somou 1,65 milhões de pessoas, compreendendo 910 mil homens e 747 mil mulheres FOTO: DIVULGAÇÃO
Já a taxa de participação feminina caiu de 50,6% para 50,1% no mesmo período, enquanto a taxa de participação masculina ficou em 67,4% - um ponto percentual a mais em relação a 2011, o que reforça a disparidade entre os sexos.

Os dados constam no Boletim Especial Mulheres 2013 divulgado ontem na Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, festejado em 8 de março. O estudo foi desenvolvido com base na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) realizada mensalmente pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Em números absolutos, a população ocupada na RMF em 2012 somou 1,65 milhão de pessoas, compreendendo 910 mil homens e 747 mil mulheres, enquanto no ano anterior o número de ocupados foi de 1,63 milhão, sendo 893 mil homens e 739 mil mulheres. Em 2012, a População Economicamente Ativa (PEA) cresceu, com o ingresso de 28 mil pessoas no mercado de trabalho - 7 mil mulheres e o triplo (21 mil) de homens.

Por sua vez, o contingente de desempregadas recuou de 89 mil, em 2011, para 88 mil mulheres, em 2012 - mil mulheres a menos na fila do desemprego. Para os homens, o número de desempregados aumentou de 70 mil para 74 mil pessoas. A taxa de desemprego da PEA masculina passou de 7,3% para 7,4%, entre 2011 e 2012. Já a taxa de desemprego da PEA das mulheres foi de 10,7%.

Conforme o estudo, embora a quantidade de mulheres desempregadas tenha reduzido e a dos homens aumentado no comparativo anual, relativamente a participação feminina no mercado de trabalho vem decrescendo ao longo dos últimos quatro anos em detrimento da masculina.

O percentual de mulheres ocupadas, que em 2009 representava de 45,9% do total de ocupações, decresceu para 45,8% (2010), 45,3% (2011) e chegou a 45,1% no ano passado. Em contrapartida o índice de homens ocupados é crescente, partindo de 54,1% (2009), para 54,2% (2010), 54,7% (2011) e 54,9% (2012).

Setores

Em 2012, comércio e serviços puxaram as gerações de oportunidades de trabalho. Foram criadas 18 mil vagas no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas, 14 mil nos serviços e 2 mil na construção civil, enquanto a indústria eliminou cinco mil ocupações. Das 32 mil vagas geradas por comércio e serviços (71,6% das ocupações da RMF em 2012), 72% foram ocupadas por homens e apenas 28% por mulheres. As mulheres tiveram maior ganho real dos que os homens em 2012, em termos relativos. O rendimento médio mensal do trabalho na RMF teve 4,9% de ganho real, passando de R$ 982,00, em 2011, para R$ 1.030,00, em 2012.

Considerando o sexo, o ganho das mulheres foi de 5,4%, superando o dos homens (4,5%). Segundo o levantamento, em 2011 as mulheres ganhavam, em média, 72% da remuneração masculina, passando em 2012 para 72,7%.

Em valores, porém, o rendimento médio real dos homens ainda é muito superior ao das mulheres. Enquanto o rendimento médio real deles passou de R$ 1.123,00, em 2011, para R$ 1.173,00, em 2012, a média de rendimento das trabalhadoras passou de R$ 809,00 para R$ 853,00. O destaque é que o ganho real entre as empregadas do setor privado com carteira assinada (6,5%) foi o dobro em relação aos homens do mesmo segmento (3,1%), favorecendo a diferença de salário por sexo.

Em contrapartida, levando em conta a posição no domicílio, entre os chefes de família é que está a maior desigualdade no rendimento médio real por hora, com a mulher recebendo apenas 73,4% em relação à remuneração dos homens.

Ingresso
28 mil pessoas entraram no mercado de trabalho no ano passado. Desse total, 7 mil são mulheres e o triplo (21 mil) são homens

OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Salários melhoram aos poucos
Mardônio Costa
Analista de mercado do IDT

No contexto geral, a gente tem de verificar que tanto a economia brasileira como a cearense têm crescido a taxas cada vez menores. No Ceará, o PIB em 2010 cresceu 7,9%, em 2011 aumentou 4,6% e em 2012 cresceu 3,65%. A economia está crescendo a taxas cada vez menores. Esse é um aspecto de pano de fundo.

O desempenho do PIB tem impactado o dinamismo do mercado de trabalho porque os indicadores (expansão da PEA, da ocupação, do emprego formal), com exceção dos salários e da massa salarial, têm apresentado crescimento menor a cada ano. Em 2010, na RMF, foram gerados 83 mil postos de trabalho. Em 2011, 38 mil e, em 2012, foram 25 mil. O mercado está crescendo, mas em ritmo menor.

Dos 25 mil postos criados na RMF no ano passado, 17 mil foram ocupados por homens e apenas 8 mil pelas mulheres. Isso porque os dois setores que mais contrataram (Comércio e Serviços) optaram por profissionais do sexo masculino. Então, as mulheres foram mais apenadas nesse aspecto.

Em 2012, temos uma centralização da criação de postos de trabalho no setor privado e com carteira assinada, elevando a formalização e a estruturação do mercado de trabalho. Como as mulheres são mais sujeitas a trabalhos precários, isso impacta favoravelmente para elas.

Em 2009, 28% das mulheres tinham carteira assinada (na RMF). Hoje, estamos com 35%. Elas têm se apropriado também desses benefícios da melhora do mercado de trabalho, embora num ritmo menor do que os homens. Por outro lado, o ganho real de salário das mulheres, o ganho mensal, foi superior ao dos homens. No emprego com carteira assinada, elas tiveram também um ganho real de salários superior ao dos homens. Então, se houve uma perda das mulheres em números de empregos, houve um ganho em termos de remuneração, ajudando a reduzir a desigualdade de rendimento entre homens e mulheres. Em relação à remuneração mensal, em 2009, elas ganhavam o equivalente a 70,3% dos homens. Hoje recebem 72,7%.

ÂNGELA CAVALCANTEREPÓRTER 

Fonte: DN

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