Empresária diz ao júri que mentiu no 1º depoimento após morte de lutador

Plantão Ceará | 14:21:00 | 0 comentários

A empresária Adriane Aparecida Pereira Diniz Ignácio de Souza, de 47 anos, acusada de participação em um suposto racha que resultou na morte do lutador de jiu-jítsu Kaio Muniz Ribeiro, em 2011, falou por pouco mais de uma hora nesta quarta-feira (15), na abertura do 2º dia de julgamento em Campinas (SP), e revelou ao júri que mentiu no primeiro depoimento à polícia.
Acusados pela morte do lutador Kaio Ribeiro durante o júri popular em Campinas (Foto: Reprodução EPTV)
Acusados pela morte do lutador Kaio Ribeiro durante o júri popular em Campinas (Foto: Reprodução EPTV)
A ré disse que o advogado que a acompanhou no dia do acidente a "obrigou a mentir" à polícia, informando que o Camaro, dirigido pelo empreiteiro Fabrício Narciso Rodrigues da Silva, outro réu no processo, pressionou seu Audi entre a Av. Norte-Sul e a Avenida Júlio Prestes, local do atropelamento. Em um segundo depoimento, em juízo, Adriane já havia alterado a versão, dizendo que tinha se assustado com o barulho de um carro.
Procurada pelo G1, a Comissão de Ética e Disciplina da OAB-Campinas informou que o juiz do caso pode enviar um ofício à entidade questionando a ação do advogado que teria orientado a ré a mentir em depoimento. Caso o juiz não apresente o ofício, a promotoria ou familiares da vítima podem pedir a representação na OAB, que instaurará um processo disciplinar que pode cassar o registro do advogado.
Álcool e racha
Durante o depoimento, Adriane confessou que havia ingerido bebida alcóolica ("duas cervejas") e que se sentia bem para dirigir no dia 18 de novembro de 2011. Ela negou que estivesse bebendo ao volante e que participava de um racha com o Camaro. "Não é minha prática".
A empresária informou que estava entre 80 e 85km/h e que jogou o carro para a calçada para não bater em outro veículo que passava na via, e disse que não sabia que a vítima estava naquele local. Na terça, no 1º dia do júri, um perito criminal, ao considerar imagens de uma câmera de segurança, entre outras avaliações técnicas, estimou que o Audi da empresária era conduzido entre 123,58km/h e 132,38km/h.
Adriane revelou que tentou o "suicídio várias vezes" depois do ocorrido. "Não dá vontade de viver. Me sinto culpada", afirmou. A empresária disse ainda que sofria depressão na época do crime, e que hoje toma quatro medicações, duas de "tarja preta". O júri popular que ficará responsável por definir a culpa ou absolvição dos réus não quis fazer perguntas a Adriane.
Carros envolvidos em suposto racha em Campinas, SP (Foto: Juliana Cardilli / G1)Carros envolvidos em suposto racha em Campinas, SP (Foto: Juliana Cardilli / G1)












2º dia
Além do interrogatório dos réus, os advogados de acusação e defesa terão duas horas e meia para cada dissertação, e mais duas horas de réplica. Somente após as considerações finais da promotoria e da defesa dos acusados, os jurados irão decidir se haverá sentença para condenação ou absolvição. A previsão é que todos os ritos demorem pelo menos 9 horas.
Fabrício
O interrogatório do empreiteiro Fabrício Narciso Rodrigues da Silva, de 37 anos, começou às 11h26 e terminou às 11h59. O réu negou que participasse de um racha e reforçou que não havia ingerido bebida alcoólica. Silva também disse ao júri que não conhecia Adriane.
O dono do Camaro reconheceu que dirigia acima dos 60km/h permitido na via, mas defendeu que "não pôs a vida de ninguém em risco". "Passei a cinco metros dele. O Kaio (Muniz Ribeiro, vítima) me viu e continuou andando", disse Silva.
Durante o depoimento, o empreiteiro ainda negou ter visto o acidente e disse que só passou de novo pelo local onde o lutador foi atropelado porque levava um amigo em casa. 
Como foi o 1º dia
Durante a sessão, o juiz Sérgio Araújo Gomes ouviu relatos de sete testemunhas de acusação e defesa, incluindo a mulher de Silva, um ex-sócio de Adriane, policiais militares que registraram a ocorrência à época do atropelamento e o funcionário de um posto de combustíveis localizado a 80 metros do ponto onde ocorreu o acidente na Avenida Júlio Prestes, no bairro Taquaral.
Foram ouvidos ainda dois peritos do Instituto de Criminalística (IC), que prestaram esclarecimentos sobre laudos que tratam da forma como ocorreu o acidente. Um deles, ao considerar imagens de uma câmera de segurança, entre outras avaliações técnicas, estimou que o empreiteiro dirigia o Camaro com velocidade entre 80,5 km/h e 92,4 km/h; enquanto o Audi da empresária era conduzido entre 123,58 km/h e 132,38 km/h, considerando a margem de erro.
Avaliações
O advogado da família de Kaio Muniz Ribeiro, José Tavares Paes Filho, afirmou que ainda não está convicto de que houve racha, mas frisou que peritos confirmaram o excesso de velocidade.
"Algumas testemunhas corroboraram para aquilo que o laudo apresentou, que havia excesso de velocidade, ingestão de bebida alcoólica. Que houve um racha eu não estou convicto ainda, mas que havia velocidade excessiva sim. Então, isso tudo pode trazer uma condenação, o que nós vamos lutar para conseguir", destacou após término da sessão.
Ralph Tórtima Stettinger Filho, defensor do empreiteiro, disse que o dia foi positivo para a defesa e reafirmou que Silva não teve qualquer tipo de participação. "Achei que foi muito positivo para a defesa. [...]  A responsabilidade é exclusiva da Adriane, que é a condutora do Audi [...] Inclusive, hoje os policiais deixaram evidente que essa questão do racha é uma mera interpretação, poderia muito bem ser uma perseguição", destacou.
Já Guilherme Madi Rezende, advogado da empresária, alegou que não houve racha. "Me parece que ficou muito clara, especialmente a questão de que não houve racha, o que todo mundo sempre negou. Então a gente acredita que amanhã vamos ter condições de explicar e dar toda a nossa versão [...] A Adriane nunca teve vontade de produzir esse resultado, esse resultado foi produzido através dela de um acidente [...] que de fato ela causou, e a defesa nunca negou."
O caso
O lutador Kaio César Alves Muniz Ribeiro morreu em 18 de novembro de 2011, após ter sido atropelado por um carro que supostamente participava de um racha durante a madrugada pela Avenida Júlio Prestes, no bairro Taquaral. Kaio Muniz Ribeiro era atleta da Federação do estado de São Paulo de Jiu-Jítsu, vice-campeão brasileiro e campeão paulista na categoria adulto.
Kaio foi atingido por um Audi, conduzido pela empresária que, segundo a polícia, disputava uma corrida ilegal com o empreiteiro que conduzia um Camaro. No local onde o lutador foi atropelado e morto, a velocidade máxima é de 60 km/h, mas a acusação afirma que os réus estavam acima do limite.
Imagem de circuito mostram carros envolvidos em suposto racha (Foto: Reprodução EPTV)Imagem de circuito mostram carros envolvidos em suposto racha  (Foto: Reprodução / EPTV)












Fonte: G1

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