Natal mais fraco com inflação e dólar elevados

Plantão Ceará | 09:56:00 | 0 comentários

A disparada do dólar e a desaceleração de vendas no varejo complicaram as negociações entre indústria e comércio para o fim do ano e derrubaram as projeções para o Natal. A expectativa é que o volume de vendas cresça 4,5% em relação ao Natal de 2012, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a menor variação para a data em quase dez anos. No Ceará, o índice deve ficar entre 5% e 5,5%, acima da média brasileira, conforme projeção do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas).

Expectativa do comércio na Capital ainda é de um crescimento nas vendas para o Natal acima da média do País, da ordem de 5% a 5,5% FOTO: DIVULGAÇÃO

"Além da alta do dólar, devemos levar em conta a inflação. Com os produtos mais caros, o poder de compra das pessoas vai diminuir neste Natal, que está comprometido. Os preços de produtos como calçados, roupas e eletrodomésticos, por exemplo, vão subir, pois a matéria-prima para fabricá-los é importada", alerta Cid Alves, presidente do Sindilojas. Ele afirma que, tendo em vista o atual cenário econômico, as projeções locais e nacionais ainda são consideradas otimistas, já que os percentuais podem ser ainda menores. Por outro lado, diferentemente da expectativa da menor variação em quase dez anos, o presidente do Sindilojas de Fortaleza acredita que, em âmbito local, a situação será diferente.

"Neste ano, as vendas vão ser ruins, mas não podemos comparar com os anos de 2008 e 2009, época da crise econômica mundial. Como a economia cearense vem crescendo acima da média nacional, nosso desempenho será um pouco melhor", completa.

O economista da CNC, Fábio Bentes, reforça que a taxa de crescimento pode ser ainda menor por causa do avanço do câmbio, que pressiona os preços.

Em suas contas, ele considera o dólar a R$ 2,30, a mediana das projeções do mercado, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central. Na sexta-feira, o câmbio fechou a R$ 2,35, acumulando alta de 15,21% no ano e de 17,68% desde abril.

Pressão de custos

As encomendas de fim de ano do varejo para a indústria começam a ser fechadas no mês que vem num cenário turbulento, que combina forte pressão de custos, provocada pela subida do dólar, com desaceleração de vendas no varejo e acúmulo de estoques indesejados na indústria.

"O momento é ingrato para fechar os pedidos", resume o diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira. Em junho e julho, os preços dos insumos industriais acumulam alta de 4% em reais, mostra o indicador elaborado pela consultoria a partir de 13 itens, a maioria deles matérias-primas.

Apesar de a indústria se declarar "no limite" para absorver aumentos de custos sem repassar para os preços, ela carrega um contrapeso que pode ser um fator desfavorável nas negociações com o varejo: o aumento de estoques.

Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que, desde abril, as fábricas acumulam um volume indesejado de produtos acabados. Em julho, último dado disponível, o indicador de estoques atingiu 54,5 pontos, a maior marca desde junho de 2012. Acima de 50, o índice revela acúmulo e, abaixo dessa marca, redução. "O estímulo à produção que viria com as encomendas de Natal deve ser atenuado pelo peso dos estoques", diz Renato da Fonseca, gerente de Pesquisa da CNI.

Varejo já tenta substituir os itens importados

São Paulo/Fortaleza
 Comércio e indústria estão preocupados com o estrago que a alta do câmbio pode provocar nos preços e nas vendas de fim de ano. É bem verdade que, se as projeções de crescimento de 4,5% no volume de vendas se confirmarem, este Natal será modesto comparado com os anteriores, mas ainda positivo. Diante das incertezas, empresários já reavaliam as expectativas e optar por produtos mais adequados ao bolso do consumidor.

Algumas redes de supermercados já fecharam as encomendas de importados e a maior parte dos produtos não desembarcou no País FOTO: TUNO VIEIRA

"O meu chefe é o cliente e estamos trabalhando para ter produtos que necessitem de um desembolso menor. O consumidor está sensível a preço", afirma Alain Benvenuti, vice-presidente do Walmart, a terceira maior rede de supermercados do País. Ele conta que, nas últimas semanas, tem se dedicado a renegociar as compras de importados para o fim de ano. O objetivo é obter descontos entre 5% e 10% para evitar a pressão do dólar nos preços.

Segundo o executivo, as encomendas de importados da rede foram fechadas com muita antecedência e maior parte dos produtos ainda não desembarcou no Brasil. Temendo alguma alta do câmbio, ele diz que foram feitos pedidos de importados 15% inferiores aos do ano passado em volume. E com a cotação do dólar menor do que a atual

Para compensar a redução nas compras de importados, Benvenuti conta que decidiu ampliar as encomendas de itens nacionais. "Estamos desenvolvendo fornecedores locais para substituir os importados", diz. Entre itens nacionais e importados, a rede espera ampliar neste ano em 5% o volumes vendidos neste fim de ano em relação ao mesmo período de 2012.

"Não pensamos mais em crescimento de 10% nas quantidades vendidas de aparelhos de áudio e vídeo e de eletrodomésticos da linha branca", declara Lourival Kiçula, presidente da Eletros, associação que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos. A expectativa dele é repetir o desempenho de 2012 nessas duas linhas de produtos.

Eletroportáteis
Já no caso dos eletroportáteis, onde 50% dos produtos são importados e, portanto, sofrem o impacto direto do dólar, a expectativa é de queda de 10% nas quantidades vendidas.

Na avaliação do presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas, Wilson Périco, nas indústrias da Zona Franca de Manaus, polo produtor de aparelhos eletrônicos e motocicletas e bicicletas, não é esperado um grande salto de vendas.

Os primeiros impactos da desvalorização do real em relação ao dólar deverão ser percebidos na retração das importações de bens de consumo, enquanto o benefício para as exportações "não é imediato", avaliou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Daniel Godinho. 

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