Em jogo de tirar o fôlego, Espanha bate Itália nos pênaltis e vai à final
Depois de 120 minutos de muita emoção, superação e luta na Arena Castelão, a Espanha bateu ontem a Itália nos pênaltis e disputará a decisão da Copa das Confederações com o Brasil, no domingo, às 19 horas, no Maracanã, Rio de Janeiro.
Depois de sofrerem por 120 minutos em campo, se angustiarem com as 14 cobranças de pênaltis e sofrerem com o calor, espanhóis comemoravam vaga na decisão da Copa das Confederações contra o Brasil, no domingo FOTO: KID JÚNIOR
Depois de um 0 a 0 insistente no tempo normal e uma prorrogação desgastante para os jogadores, a torcida cearense presenciou a festa espanhola e a decepção italiana nos pênaltis.
Será o primeiro confronto envolvendo brasileiros e espanhóis no Século XXI. A última partida entre as duas seleções foi um amistoso no ano de 1999.
A maioria da torcida no Castelão mostrou-se a favor da Azzurra logo no hino nacional e os italianos surpreenderam a campeã do mundo. Bem postada em campo, a Itália desarmava bem e ainda conseguia encaixar contra-ataques perigosos.
Aos poucos ganhando confiança e inflamados pelo apoio das arquibancadas, os italianos criaram boas chances, muitas à base do jogo aéreo. Foram cinco em jogadas assim. Maggio perdeu três chances - duas parando em Casillas - e De Rossi e Marchisio, também erraram o alvo.
Atônita pela pressão italiana e seu jogo não fluir, a Espanha não conseguia fazer o que sabia de melhor, que era o toque de bola preciso. Com Fernando Torres isolado no ataque e Iniesta bem marcado, a Fúria não criava.
Só aos 36 minutos os ibéricos acordaram, criando uma chance, a última do primeiro tempo, com Fernando Torres finalizando para fora, após bonito giro.
Depois do surpreendente domínio italiano na etapa inicial, o segundo tempo se iniciou equilibrado, com a Espanha dominando depois dos dez minutos. Aos 12, Fernando Torres ajeitou para Navas chutar rasteiro e Buffon defender. Oito minutos depois, Iniesta fez grande jogada individual, passando por três marcadores e chutou para fora.
Espanhóis celebram o pênalti convertido por Jesus Navas, chegando à sua quarta final consecutiva em torneios oficiais. Antes, a equipe havia participado das decisões das edições de 2008 e 2012 da Euro e da Copa do Mundo de 2010 FOTO: REUTERS
Desgaste
O calor e umidade eram fortes, desgastando os jogadores. Assim, o ritmo de jogo caiu depois dos 30 minutos. A cada interrupção, os atletas tentavam ganhar algum fôlego bebendo água.
Mais inteira nos minutos finais, a Espanha passou a pressionar. Aos 39, Torres abriu para Navas, que cruzou para Piqué, de frente para o gol, isolar. No lance seguinte foi a vez de Navas criar uma boa chance chutando cruzado, mas Buffon defendeu.
Àquela altura, a Itália já esperava a prorrogação. Exausta, a equipe foi pressionada até o terceiro minuto de acréscimo, mas sua defesa evitou o pior.
Antes do tempo extra, massagens, alongamentos, água e até sacos de gelo eram utilizados para amenizar o desgaste dos jogadores das duas seleções.
Após uma breve pausa, o jogo recomeçou, com a Itália acertando a trave com Giaccherini, logo aos dois minutos. Foi a última chance italiana, que foi pressionada até o fim da prorrogação.
A Fúria perdeu três boas chances até o fim dos primeiros 15 minutos e intensificou a pressão na parte final. Aos dez, Xavi acertou a trave, em lance que o goleiro Buffon ainda desviou a bola. O arqueiro italiano voltou a aparecer, espalmando chute cruzado de Navas, aos 11 minutos.
Até o último segundo de prorrogação, a Espanha pressionou a Itália, que levou a decisão para os pênaltis às duras penas.
Para aumentar o drama, os jogadores converteram, uma a uma, até a sexta cobrança. Foi quando o italiano Bonucci isolou e Navas acertou para a Fúria, encerrando a perfeita passagem da equipe por Fortaleza e seguindo para a decisão contra o Brasil.
Final com Brasil no Maraca é exaltada
O técnico espanhol, Vicente del Bosque, e o goleiro Casillas projetam uma decisão inesquecível contra a Seleção Brasileira, no domingo, no Maracanã, Rio de Janeiro (RJ).
Para eles, enfrentar o Brasil diante de sua torcida e no mítico estádio carioca será um grande teste. "Nas semifinais, eram quatro campeões do mundo e agora são apenas dois. O Brasil, que é pentacampeão e já ganhou muito no futebol, e nós. Jogar diante de sua torcida, no Maracanã, será uma grande emoção para nós", declarou o técnico Vicente del Bosque.
Já o camisa 1 lembrou que o confronto era esperado por todos. "Chegaram duas seleções que mereciam estar na final. Será um grande jogo. Qualquer um que enfrente a Espanha hoje é especial, para o Brasil também será assim. Para nós, é algo fantástico jogar no Brasil, contra o Brasil, no Maracanã".
Forças
O técnico Vicente del Bosque declarou que o grande desafio de sua seleção é impor o estilo de jogo contra os donos da casa.
"Vamos tentar impôr nosso jogo no Maracanã e ter a capacidade de enfrentar o Brasil em seu campo. Não sei se teremos mais posse de bola, no domingo começa uma nova história. Só lá saberemos quem domina, quem toma a iniciativa. A Itália também foi muito forte nesse quesito e em muitos momentos controlou a partida", finalizou o comandante espanhol.
Desgaste não preocupa técnico
Após jogar 120 minutos em forte calor e disputar a vaga na decisão do torneio nos pênaltis, os espanhóis não querem saber de reclamar do desgaste físico.
Mesmo com o Brasil tendo jogado no dia anterior e não se desgastado tanto quando a Espanha, a preocupação é deixar os jogadores nas melhores condições para domingo e não se queixar por ter um dia a menos disponível para descansar.
"Sorteio é sorteio e não quero desculpa de nenhum tipo. Na final da Eurocopa (2012), a Itália teve um dia a menos que a gente. Vamos nos preparar o melhor possível. Temos de fazer com que os jogadores possam chegar nas melhores condições. Temos 72 horas", comentou o técnico Vicente del Bosque.
Último passo
Para ele, a equipe deve pensar no último e mais importante passo, a decisão de domingo. "Para nos refrescar fisicamente, temos de manter o espírito de crianças, aquele sonho de jogar no Maracanã, contra o Brasil, mesmo sendo uma competição como a Copa das Confederações", ensinou o treinador.
"Vamos tentar dar uma respirada após essa partida muito difícil. Temos três dias para nos recuperar. Hoje (ontem), houve muito desgaste, mas meus jogadores estão acostumados a jogar duas vezes por semana", finalizou.
VLADIMIR MARQUES
REPÓRTER
FONTE:DN
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