'Ter raiva não vai trazer o braço do meu filho de volta', diz mãe de ciclista

Plantão Ceará | 20:51:00 | 0 comentários

A mãe do ciclista David Santos de Souza, que teve o braço decepado ao ser atropelado na Avenida Paulista no domingo (10), comentou o acidente durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (13) e pediu justiça. O ciclista, de 21 anos, perdeu o braço direito no acidente. Ele trabalhava como limpador de vidros. O estudante de psicologia Alex Siwek, que atropelou David e jogou seu braço em um córrego, está preso no Centro de Detenção Provisória 3 de Pinheiros, na Zona Oeste da capital.
"Ter raiva não vai trazer o braço do meu filho de volta. Só espero que seja feita justiça para que esse menino não beba novamente e faça o que ele fez com meu filho", disse Antônia Ferreira dos Santos, em entrevista nesta quarta. Questionada se perdoaria Alex, ela respondeu: "quem tem que perdoar é Deus".
A mãe disse ainda que o filho está fazendo o possível para seguir a vida em frente, mas ainda está muito abalado. O rapaz, descrito por Antônia como dedicado, está terminando o Ensino Médio e gosta do emprego como limpador de vidros. "Ele adora fazer o rapel, tira fotos e queria me levar junto com ele". Uma ex-namorada de David disse à Antônia que o menino sonha em ser segurança e não desistiu da ideia. Quer fazer um curso técnico na área. A mãe contou também que a família já recebeu o contato de uma empresa interessada em doar uma prótese para o ciclista.Tentativa de homicídio
Ainda nesta quarta, o advogado Ademar Gomes, que representa a família do ciclista, disse querer que o caso seja tratado como tentativa de homicídio. O advogado afirmou que irá recorrer para que o Tribunal do Júri assuma o caso. "Ele estava embriagado, o exame clínico diz isso", disse Gomes. "Entendemos que existe dolo eventual, e vamos recorrer para que seja feita justiça."
O motorista Alex Siwek está detido desde segunda-feira (11). No mesmo dia, um pedido de liberdade provisória do motorista foi enviado à Justiça. Na terça-feira (12), porém, o juiz Alberto Anderson Filho, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo , emitiu parecer em que disse não ter competência para julgar o pedido e afirmou ainda que o jovem não deveria responder por tentativa de homicídio doloso por estar dirigindo sob influência de álcool.
"Para o dolo eventual o que importa é o resultado. E este tem que ser concreto. (...) Se não há morte, como no caso em exame, impossível falar em homicídio tentado pelo dolo eventual", diz o juiz, em sua decisão. O magistrado considera que o caso deve ser tratado como lesão corporal e, portanto, não é da competência do Tribunal do Júri.
De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o pedido de liberdade provisória para o motorista sequer chegou a ser analisado pelo juiz do Tribunal do Júri. O pedido será redistribuído pelo Departamento de Inquéritos Policias (Dipo) a um juiz comum. Gomes, no entanto, entende o atropelamento como tentativa de homicídio.
O advogado disse ainda que a familia do ciclista deve ir à Justiça por dano moral e material. Se for confirmado que o carro usado no momento do acidente era do pai do motorista, ele também deverá ser processado. "Está cedo para falar quando entraremos com esse processo. Estamos esperando o final do inquérito", afirmou o advogado.
Motorista 'em choque'
Segundo o advogado de Siwek, Cássio Paoletti, o estudante ficou atordoado na hora do acidente e, em um primeiro momento, não viu o braço no carro. Em choque, ainda de acordo com advogado, ele acabou jogando o braço em um córrego na Avenida Ricardo Jafet, na Zona Sul da capital paulista.
Na terça-feira, o ciclista disse à polícia que trafegava na contramão da ciclofaixa no momento do acidente. O jovem relatou que foi atingido de frente pelo veículo de Alex e que chegou a ver o carro vindo em sua direção, em alta velocidade. Questionado sobre as circunstâncias da colisão, o delegado não soube explicar como o ciclista foi atingido.
"Há fatos novos nas investigações, mas estamos apurando e não queremos divulgar informações precipitadas", declarou Carlos Eduardo Silveira Martins, delegado titular do 5º DP. O depoimento do ciclista foi colhido na presença de um advogado do Hospital das Clínicas, segundo a polícia.
A delegada Priscila Oliveira Rodrigues também conversou com o ciclista e ficou emocionada . "Ele me mostrou desenhos que fazia, e agora não poderá fazer mais", disse, com lágrimas nos olhos.
Laudo
O delegado Martins revelou, na terça-feira, que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou sinais de embriaguez no motorista do veículo, mas concluiu que Alex não estava embriagado. A Polícia Civil disse que irá questionar a conclusão do laudo.
Martins acredita que o resultado pode ter sido prejudicado porque Alex foi submetido ao exame horas depois do acidente. O exame foi realizado às 11h21 e o atropelamento ocorreu por volta das 5h30. No documento do IML, a médica responde a duas perguntas: "há sinais indicativos que o examinado está sob efeito de álcool etílico? Sim" e "Em consequência disso, ele está embriagado? Não".
A polícia pretende enviar perguntas à medica do IML que examinou o jovem para entender o resultado. Um exame clínico havia apontado que o jovem tinha bebido antes do acidente.Investigações
Antes de concluir o inquérito, a polícia aguarda os resultados das perícias feitas no local da batida, no carro de Alex e no Córrego Ipiranga, local onde o braço foi jogado na Avenida Doutor Ricardo Jafet. Segundo o delegado Martins, 13 pessoas já foram ouvidas, entre testemunhas e envolvidos no caso.
A polícia também busca imagens de câmeras de segurança do local do acidente e também do ponto onde o braço foi jogado. Até agora, a polícia tem apenas imagens de uma câmera da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) que mostram uma viatura de resgate passando às 6h06 de domingo para atender a ocorrência.
O exame clínico que apontou que o motorista havia ingerido bebida alcoólica antes do acidente também já está com a polícia. A comanda de consumo de Alex Siwek, paga na casa noturna de onde ele saiu antes de atropelar o ciclista, mostra que ele pagou por três doses de vodca e um energético. O horário que a comanda individual de consumo foi fechada, às 6h, porém, é posterior ao horário do acidente, ocorrido às 5h30.
Testemunhas
David ia para o trabalho quando foi atingido pelo carro conduzido pelo estudante de psicologia Alex Siwek, de 22 anos. Testemunhas disseram que o carro andava em zigue-zague e já tinha derrubado alguns cones colocados na Avenida Paulista para sinalizar a instalação da ciclofaixa. Após atingir o ciclista, o motorista deixou o local sem prestar socorro.
O estudante Thiago Chagas dos Santos, que já tinha feito curso de primeiros-socorros, foi a primeira pessoa a prestar atendimento ao ciclista.
Santos observou que o limpador de vidros perdeu os sentidos. “Vi que ele não estava respirando, não tinha pulso. Fiz respiração boca a boca e massagem cardíaca”, afirmou Santos ao Bom Dia São Paulox. Segundo ele, alguém que passava pelo local afirmou que a vítima estava sem o braço. “Ele ouviu e entrou em desespero. Eu falava que ele estava com o braço para ele não ficar mais desesperado ainda”, contou.
Estudante
Na descrição da polícia, o motorista Alex Siwek estava dentro de um Honda Fit ao lado de um amigo quando o acidente ocorreu, por volta das 5h30. O braço direito do ciclista foi amputado por estilhaços de vidro do pára-brisa e permaneceu preso ao veículo. O motorista fugiu do local, deixou o amigo em casa e depois foi à Avenida Doutor Ricardo Jafet, de onde lançou o braço em um córrego. Depois, voltou à própria casa, guardou o carro na garagem e dirigiu-se a pé à unidade policial para se entregar.
O advogado de Siwek, Pablo Naves Testone, afirma que Siwek não tem antecedentes criminais e que reúne os requisitos para responder ao processo em liberdade. Disse ainda que a família do rapaz está muito assustada com a repercussão do caso e que já sofreu ameaças.
"Acharam o número da residência fixa, e ligaram falando bobagens, como a mãe e o pai educaram o menino, falando que iam matá-los". A ligação foi atendida pela mãe de Alex, que, segundo o advogado, está tomando rémedios por conta dos últimos acontecimentos. "Todos estão comovidos, sabem que foi aterrorizante, e que o menino será julgado pelo que fez, mas algumas pessoas estão exagerando."

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