Carência de serviços prejudica diagnóstico

Plantão Ceará | 07:44:00 | 0 comentários


No Ceará, são 42 mamógrafos, sendo 15 em Fortaleza, mas grande parte está quebrada ou em desuso

Existem 60 mastologistas no Estado. Destes, apenas seis atuam no Interior. Outro problema apontado pelo presidente do Comitê Estadual de Controle do Câncer, Luiz Porto, é o medo do exame e a desinformação das pacientes Foto: Alex Pimentel

A doença é 100% curável, se descoberta no início. Contudo, nem tudo são flores quando se refere ao diagnóstico e ao tratamento contra o câncer de mama no Ceará. A dificuldade começa nos mamógrafos. São 42 equipamentos, no entanto, grande parte deles (não se sabe quantos) estão quebrados por desuso. Em Fortaleza, dos 15, dois não funcionam, um no Hospital Gonzaguinha, na Barra do Ceará, e outro no Hospital Nossa Senhora da Conceição. Mais um impasse é a distribuição dos mastologistas. Dos 60 profissionais do Estado, só seis atuam no Interior.

Os dados acima são do Comitê Estadual de Controle do Câncer do Ceará e da Sociedade Brasileira de Mastologia-Regional Ceará. Diante dessas e de outras dificuldades, especialistas de todo o País vão se reunir, amanhã e sábado, 15 e 16 de março, em Fortaleza, para debater os avanços no diagnóstico e tratamento do câncer de mama. Os temas abordados devem variar desde os problemas básicos encontrados por pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) até cirurgias plásticas para reconstituição da mama e novas drogas.

Segundo Luiz Porto, presidente do Comitê Estadual de Controle do Câncer e chefe do Serviço de Mastologia do Hospital das Clínicas, a falta de rastreamento das pacientes que precisam fazer mamografia aliado ao medo e à desinformação das mesmas fazem com que muitos mamógrafos fiquem subutilizados e quebrem. Diante desse cenário, a mortalidade do câncer de mama é crescente, já que as mulheres chegam às unidades com a doença avançada.

Ele afirma que há 42 mamógrafos em todo o Estado, porém, parte deles não funciona devido ao desuso. Luiz Porto ressalta que não há um levantamento de quantos estão parados. "As mulheres têm medo da dor que o exame pode causar, medo do câncer, da queda do cabelo, do tratamento, e resistem em buscar o diagnóstico. A mortalidade continua em ascensão, pois, infelizmente, o diagnóstico é feito em fase avançada. A incidência é de 55 casos por cada 100 mil mulheres no Ceará", afirma.

Treinamento

Para facilitar o acesso à mamografia, Luiz Porto explica que está sendo criada uma rede de atenção no Estado, que envolve o treinamento dos profissionais de saúde através do Sistema de Informação do Câncer e Mama e a implantação centros secundários de atenção oncológica nas Policlínicas. Segundo ele, das 22 unidades no Estado, 12 já possuem mamógrafos e vão começar a realizar biópsias. "Esperamos que, até o fim de 2014, todas as Policlínicas estejam preparadas para realizar o diagnóstico das pacientes com câncer de mama", ressalta.

De acordo com Paulo Vasquez, coordenador municipal do Sistema de Câncer de Mama, a situação de Fortaleza em relação aos equipamentos e atendimento é melhor do que no Interior do Estado. Ele afirma que dos 15 mamógrafos, dois estão quebrados. Um no Hospital Gonzaguinha da Barra do Ceará e outro no Hospital Nossa Senhora da Conceição. O médico acrescenta que já entrou em contato com os diretores das duas unidades, que estão providenciando o concerto das máquinas.

Deficiências

Ainda conforme Vasques, a meta recomendada pelo Ministério da Saúde é que cada capital brasileira realize cerca de 100 mil exames anuais, no entanto Fortaleza só consegue efetuar cerca de 60% deste total. "Em Fortaleza, residem cerca de 200 mil mulheres com idade entre 50 e 69 anos que dependem do SUS. Todas deveriam fazer pelo menos uma vez por ano a mamografia", ressalta.

Antônio de Pádua, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia- Regional Ceará e coordenador da X Jornada Cearense de Mastologia, reconhece as deficiências e diz que um dos maiores problemas é a má distribuição de mastologistas no Estado. Segundo ele, dos 60 profissionais existentes apenas seis atuam no Interior. Destes, três trabalham em Sobral e outros três na região do Cariri.

Ele explica que a situação acontece diante das péssimas condições de trabalho e dos baixos salários. Em relação aos mamógrafos Antônio de Pádua ressalta que não basta apenas implantar os equipamentos, é necessário existir especialistas, radiologistas, técnicos e acima de tudo informação. "Durante a Jornada Cearense de Mastologia, vamos debater sobre a Oncoplástica, rastreamento do câncer de mama em pacientes de alto risco e baixo risco, novas drogas e tratamentos", diz.

Nilda Mendes, presidente da Associação Toque de Vida, ficou curada de uma câncer de mama e descreve um pouco do sofrimento das mulheres que necessitam de tratamento pelo SUS. "Não há mastologistas suficientes, as consultas demoram e os tratamentos também. Eu, por exemplo, tive que esperar três meses para fazer a cirurgia de retirada da mama, mesmo depois do diagnóstico", critica.

Conforme Luiz Porto, presidente do Comitê Estadual de Controle do Câncer, a tendência é que essa situação melhore com as Policlínicas. "As unidades estão sendo equipadas e os procedimentos secundários realizados por lá devem ser melhor remunerados. Acredito que a tendência é melhorar", avalia.
FONTE: DN

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