Ruas de São Paulo viram campo de guerra
São Paulo. Mais de 5 mil pessoas realizaram ontem, em São Paulo, o quarto dia de protestos contra o aumento das passagens de ônibus. Houve confronto entre policiais militares e manifestantes e o comando da operação admitiu que a situação ficou foram de controle.
O confronto começou quando a PM tentou impedir os cerca de 5 mil manifestantes de prosseguir a passeata até a Avenida Paulista FOTO: AGÊNCIA ESTADO
Alguns motoristas que ficaram parados na rua Caio Prado, na região central, por conta do confronto entre manifestantes e policiais militares, decidiram trancar e abandonar os carros na via, e fugiram a pé da confusão que bloqueava parte da rua da Consolação.
O confronto começou quando a PM tentou impedir os cerca de 5 mil manifestantes de prosseguir a passeata pela rua da Consolação, no sentido da avenida Paulista. Com isso, houve bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha disparados contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objetos.
Algumas bombas atiradas pelos policiais foram parar em um posto de gasolina, no cruzamento com a rua Caio Prado. Já a fumaça das bombas fez formar uma névoa que fez "desaparecer" os carros que ficaram parados na região.
Com a confusão, os manifestantes dispersaram pela Caio Prado e pela Guimarães. Um grande grupo, no entanto, subiu a Augusta no sentido da Paulista.
As pessoas começaram a se concentrar por volta das 16h, quando já havia grande quantidade de policiais, inclusive fechando o viaduto do Chá, onde fica a Prefeitura de São Paulo, e revistando e interrogando pessoas.
No total, cerca de 70 pessoas foram detidas. Um grupo chegou a cercar e pichar um ônibus na frente do edifício Itália. Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas pela Polícia para dentro do campus de Engenharia da PUC-SP, entre a rua Marquês de Paranaguá e a Caio Prado, no centro de São Paulo.
"Eles agem como fascistas. Atiraram bomba dentro da faculdade. Estava trabalhando e vários professores estavam dando aula quando subiu uma fumaça que sufocou as pessoas", disse um aluno de engenharia da PUC que também trabalha na universidade - ele não quis se identificar. Sete repórteres do jornal Folha de S. Paulo ficaram feridos, uma dos quais por uma bala de borracha no olho, atirada pela polícia.
Haddad
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que não reduzirá a tarifa de ônibus na cidade de São Paulo. Ele reafirmou que o aumento de R$ 3 para R$ 3,20 ficou abaixo da inflação e que cumpriu compromisso de sua campanha. Ele acompanha o ato do seu gabinete e disse esperar um balanço para opinar sobre o protesto de ontem.
Os ferroviários de São Paulo decidiram ontem encerrar a paralisação e voltar ao trabalhoimediatamente. A categoria tomou a decisão após julgamento do Tribunal Regional Federal (TRT), que declarou a greve não abusiva.
O reajuste a ser dado aos trabalhadores só será apreciado na próxima quarta pela Justiça. Ontem, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) rejeitou ma proposta apresentada pelo TRT que previa, entre outros pontos, reajuste salarial de 8,56% para os funcionários.
Rio e Porto Alegre também têm atos
Rio de Janeiro. Gritando slogans como "da Copa eu abro mão/dinheiro para saúde e educação" e com alguns deles carregando flores nas mãos, manifestantes contra o reajuste das passagens de ônibus começaram uma caminhada rumo à Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, por volta das 18h15.
No Rio de Janeiro, a passeata foi pacífica, diferente do que ocorreu na segunda -feira passada FOTO: AG. ESTADO
A manifestação começou de forma pacífica. Cerca de 2 mil pessoas, de acordo com os organizadores, se reuniram na praça da Candelária, no centro, para de lá seguir para a Cinelândia.
Quando a caminhada começou, o trânsito em todas as pistas da avenida Presidente Vargas foi interrompido. De prédios da avenida Rio Branco, por onde passa a manifestação, pessoas acenam e jogam papel picado.
A Polícia Militar não fez estimativas sobre o número de manifestantes. Cerca de 200 policiais acompanham o grupo.
O mesmo local foi palco de confrontos entre manifestantes e policiais militares na última segunda-feira.
Além de estudantes, participam do ato hoje militantes de partidos políticos e de organizações de direitos humanos. Os manifestantes protestam com o auxílio de três carros de som cedidos por sindicatos.
Sem intervenção
A PM concentrou seus agentes nos extremos da Praça Pio 10, onde fica a igreja da Candelária. De acordo com o comandante do 5º BPM, tenente-coronel Sidney Camargo, não houve a necessidade de intervenção do Batalhão de Choque da PM.
"Vamos mobilizar o Choque apenas se houver indício de violência", disse. O mais recente aumento da passagem de ônibus no município do Rio (de R$ 2,75 para R$ 2,95) está em vigor desde 1º de junho. A prefeitura sustenta que o reajuste respeita os contratos assinados com as empresas de ônibus.
Porto Alegre
Atos de vandalismo marcaram um novo protesto contra o valor da passagem de ônibus em Porto Alegre ontem. Cerca de dois mil manifestantes, segundo a Brigada Militar, picharam prédios, derrubaram containers de lixo e depredaram lojas e bancos na área central da capital gaúcha. O trânsito foi bloqueado na região.
A concentração iniciou no final da tarde no Largo Glênio Peres, em frente ao prédio da prefeitura. Eles gritavam palavras de ordem. O clima ficou tenso quando a marcha ingressou na Avenida Borges de Medeiros. Alí prédios também foram pichados e lojas e bancos depredados. A Brigada Militar entrou em ação. Houve correria.
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