Foco de dengue, odor e abandono no Centro

Plantão Ceará | 08:14:00 | 0 comentários


A Copa das Confederações está chegando. 19 de junho, o Brasil joga contra o México no Castelão. Até lá, os monumentos históricos da cidade, que estão em petição de miséria, continuarão na mesma situação.
Guia turístico há 36 anos em Fortaleza, Augusto César Batista de Melo, que recebe aproximadamente 600 pessoas por mês em Fortaleza (só na quinta-feira, 9, dia do show de Paul McCartney, recepcionou 150) afirma que nunca viu Fortaleza assim, tão abandonada. Preocupado com a situação, deu esta entrevista na qual informa que este descalabro todo começou há cinco anos quando nada mais foi feito em prol da “Fortaleza Bela”.
A famosa Praça General Tibúrcio, por exemplo, também conhecida como Praça dos Leões e onde está guardado o corpo do general cearense que participou da Guerra do Paraguai no século XIX, está insuportável não só para os que vêm de fora, mas, principalmente, para os que moram aqui mesmo, na cidade. As pessoas estão indo para a Igreja do Rosário com um lenço perfumado no nariz porque não suportam o mau cheiro e, no entanto, é ali que fica a Academia Cearense de Letras, a mais antiga do Brasil, o Museu do Ceará, que já foi Assembleia Legislativa, e a estátua de Rachel de Queiroz cujos óculos foram roubados.
A Praça José de Alencar, que era uma das mais bonitas no passado e encontra-se ao lado do Theatro José de Alencar, inaugurado em 1910, não chama a atenção de ninguém. A Igreja do Patrocínio, que fica do outro lado, precisa de reforma urgente.
DENGUE E FALTA
DE SEGURANÇA

A Praça do Ferreira, cartão postal de Fortaleza, foi invadida por mendigos e doentes mentais para não falar dos traficantes e ladrões. A fonte, que substituiu o velho cacimbão que o boticário Ferreira construiu em 1877, para matar a sede dos retirantes da seca daquele ano, virou foco da dengue há muito tempo. Enquanto isso, faz-se uma propaganda enganosa de Fortaleza lá fora. Vendem a cidade como se esses problemas não existissem.
A falta de segurança, por outro lado, agrava mais ainda a situação. Para César de Melo, Fortaleza possui um corpo de policiais altamente preparado. Mas onde eles estão? A Vila do Mar, entre o Pirambu e a Barra do Ceará, é um dos lugares mais bonitos da cidade. Possui quatro quilômetros de extensão e, segundo o guia turístico, não se vê um policial ao longo de todo esse percurso.
Dá vontade até de mostrar alguns lugares pitorescos da Vila do Mar para os turistas, confessa César, mas, segundo ele, não é possível. O risco de assalto é muito grande e, para mostrar que isso acontece, inclusive, no centro da cidade, chama a atenção para a Praça Pedro II, que fica diante da igreja de São José, mais conhecida como Igreja da Sé. Afirma o guia turístico que ele mesmo já viu vários turistas assaltados ali diante da Catedral.
AUSÊNCIA DE SINALIZAÇÃO
Também falta sinalização adequada para quem desconhece Fortaleza. Não é raro, diz ele, ver turistas perdidos entre o Mercado Central e a Emcetur. Aqueles que saem da Avenida Monsenhor Tabosa e se dirigem para o Mercado Central também não sabem que rumo tomar e, quando descobrem, se deparam com uma avenida esburacada no percurso, cheia de lixo e, no fim dela, um ladrão que, depois de roubar as compras que foram feitas na Avenida Monsenhor Tabosa, ainda levam o dinheiro e o celular da vítima.
A Praça Cristo Redentor, onde fica o Teatro São José, inaugurado em 1915, é outra vergonha. O lixo ali está por toda parte e a Torre do Cristo Redentor, que dá nome à praça e foi inaugurada em 1922 para comemorar o centenário da Independência do Brasil, está pichada. A Torre do Cristo Redentor, aliás, explica o guia turístico, já foi um dos monumentos mais visitados pela população de Fortaleza. As pessoas faziam filas enormes nas décadas de 1920 e 1930 para entrar em seu interior e subir uma escada interna que levava até o alto para ver a Praia de Iracema. A Torre, no entanto, foi ocupada pelos mendigos e viciados que se servem dela como moradia.
AGRESSÕES
CONTRA TURISTAS

Os ônibus que levam os turistas que vêm do Rio Grande do Sul, Argentina e do Chile pelas ruas de Fortaleza, também sofrem todo tipo de agressão. Primeiro não há estacionamento para eles na Beira-Mar, por exemplo, e, quando o estacionamento é encontrado, basta os turistas afastar-se um pouco para o ônibus ser invadido pelos ladrões que levam tudo o que podem. E o que não podem.
Terminada a entrevista, que demorou mais ou menos 30 minutos, César de Melo disse, ainda, que a impressão que tem de Fortaleza, hoje, é a mesma que teria o passageiro de um navio que tivesse perdido seu capitão: o navio existe, mas, como ninguém sabe para onde vai, ninguém faz nada por ele porque também não se sente seguro em seu interior.
 

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