MUCURIPE ILUSTRE

Plantão Ceará | 22:17:00 | 0 comentários


A cena do vaivém dos pescadores lembra o passado, mas as mudanças são do presente. Mesmo assim, o bairro continua sendo referência de tranquilidade e diversão em Fortaleza
As jangadas continuam partindo do mar calmo, sem grandes ondas. Nelas, pescadores persistem na busca do fruto de seus esforços. Em terra firme, prédios altos e luxuosos parecem observar a ida e a vinda das velas coloridas das embarcações. Antes, nesse mesmo lugar, havia apenas as casas simples de pescadores. O pouco do passado se une ao muito do presente e faz surgir as peculiaridades do  Mucuripe.
Símbolo do Ceará. Tema de famosos livros, músicas e filmes. Área de lazer. Ponto turístico. Refúgio. São inúmeras as ideias que permeiam o bairro responsável por abrigar, conforme a Prefeitura, cerca de 13 mil pessoas, numa área de 0,87 Km². O pequeno espaço contrasta com a riqueza de histórias que sobrevivem em meio aos novos acontecimentos.
Líder comunitária no Mucuripe, Otacília Verçosa, a dona Tatá, batalha para tornar o bairro menos desigual.
Dona Neusa Miranda de Freitas, 96 anos, é um dos exemplos de resistência do Mucuripe antigo. A aposentada, que exercia o ofício de enfermagem, é proprietária da última casa em frente à enseada.
Da infância e mocidade, “a mais velha moradora do lugar”, como se autodenomina, recorda dos mergulhos no mar. “Aqui, era muito bonito. Agora, só vemos prédios, e o mar não tem mais onda por causa da construção do Porto e das ‘pontes’. Antes, só existiam casas de pescadores. As ruas nem nome tinham. Se naquela viela fosse plantada alguma flor, ela se chamaria Rua das Flores”, lembra.
Dona Neusa, que diz ser a moradora mais antiga da região, é proprietária da última casa com vista para a enseada
A casa de dois andares revestida de pastilhas foi construída em 1963, na então terceira rua do Mucuripe (duas paralelas desapareceram com o avanço do mar). A moradora herdou o imóvel do pai, que vendia madeiras para fazer as jangadas dos pescadores. “Depois que casei, vim pra cá e só saio quando a minha hora chegar”.
Pelo fato de o imóvel estar localizado em um dos pontos mais valorizados de Fortaleza, ela já recebeu centenas de propostas para vendê-lo. Mas nenhuma a atraiu. O objetivo está mais que claro e não tem relação com dinheiro: “Só quero viver bem. Orgulho-me de ter a minha casa. Faço até feijoada para reunir a família. Não me desfaço dela”.
 
Pioneiro
Betesaida Amora contracenou com Dorival Caymmi no filme “Jangada”, de 1941. Atualmente, ela reside no Edifício Professor Marinho de Andrade, o 
mais antigo do 
Mucuripe.
Próximo à residência de dona Neusa está o primeiro prédio do Mucuripe, o Edifício Professor Marinho de Andrade. Construído nos anos de 1970, ele tem capacidade para abrigar até 100 famílias. Algumas com o privilégio de admirar uma das vistas mais charmosas da Capital cearense.
A aposentada Maria Cordeiro dos Santos, 66 anos, é uma delas. Da varanda, é possível até mesmo se ouvir o barulho das ondas e das conversas dos pedestres. A relação de Maria com o Mucuripe nasceu quando ela ainda era criança. As obras para a construção do edifício, perto da então moradia, serviam de espaço para brincadeiras. “Este lugar me proporciona momentos especiais. Muitas vezes, acordo de madrugada e vou para a varanda observar os pescadores partirem em suas jangadas e rezar por eles”, destaca.
Maria, também  moradora do local, lembra das brincadeiras nas obras da construção do edifício
Os olhos de Betsaida Amora, 91 anos, outra moradora do Marinho de Andrade, não se cansam de admirar o movimento do mar e das pessoas. A janela do quarto serve de apoio para enxergar o Mucuripe. Assim, aproveita o lugar onde vive desde a mocidade. Esse mesmo mar foi o “namorado” da atriz e professora aposentada durante a juventude, pois dedicava tempo e carinho a ele.
Betsaida recorda dos banhos tomados na porta da Igreja de São Pedro, quando a maré estava alta e as ondas invadiam a avenida; das músicas que homenageiam o bairro, como “Velas do Mucuripe”, de Belchior e Fagner; e das cenas gravadas com Dorival Caymmi para o filme “A jangada”, de 1941.   “Gosto também de ficar observando os pescadores enfrentando o mar, a coragem deles”, diz.
Navios ancorados no cais do Porto do Mucuripe compõem a vista.
A adoração de Betsaida pelas sutilezas do Mucuripe persiste. A beleza, segundo ela, não se resume às naturais. A urbanização trouxe outros elementos igualmente dignos da admiração dos antigos habitantes do local. “Sinto falta de tomar banho no mar e de descer rolando nas dunas, mas acho bonito todos esses edifícios surgindo”, comenta.
 
Liderança
Histórias de luta por um Mucuripe melhor, menos desigual, marcam a vida de uma moradora famosa, Otacília Verçosa, a dona Tatá. Líder comunitária e funcionária pública aposentada, a senhora de 83 anos, segundo ela, bem vividos, nasceu e se criou no bairro. O pai, Oscar Verçosa, era empregado da Alfândega, mas largou o trabalho para cuidar de jangadas. O bisavô Antônio Ouvídio Verçosa foi quem doou um terreno aos pescadores para que realizassem suas orações. Anos depois, netos e bisnetos de Ouvídio construíram, no local, a Igreja de São Pedro e batalharam para mantê-la firme.
O casal Fernando Eugênio, 19 anos, e Lara Timbó, 17, aproveitou o clima romântico à beira-mar.
“A história da minha família está ligada ao Mucuripe. A casa do meu avô Ouvídio Verçosa é onde fica o Iate Clube. Em frente ao Clube, na praia, tem a Pedra do Verçosa, em homenagem a ele. O Morro Santa Teresinha era uma duna bem branquinha. Eu fazia era pular lá de cima. Dá uma saudade. O passado era lindo. Sinto o prazer de ter vivido esse passado”
Na memória, dona Tatá guarda outros momentos especiais. Um deles são as filmagens, no Mucuripe, de “It’s All True”, do cineasta Orson Welles, no início dos anos 1940. Uma paixão inesperada marcou o encontro dela com o diretor norte-americano. “O Orson Welles queria me levar embora para casar. Eu era a moreninha que nadava cinco mil metros no mar em uma hora e chamei a atenção dele. Mas gostava muito dos meus pais e decidi ficar. Aqui, sabia que os meus pais gostavam de mim. Lá, não sabia o que aconteceria. Fiquei noiva três vezes, não casei e fui cuidar de idoso e criança”.
Turistas de Porto Alegre, Paulo Diniz, 35, e Rafaela Gattiboni, 28, curtiram o fim de tarde
O envolvimento com as dificuldades que permeiam o bairro foi iniciado anos atrás. Segundo ela, para realizar um trabalho com as prostitutas, por exemplo, precisou enfrentar o então prefeito Cordeiro Neto - cuja gestão foi de 1959 a 1963 - que, posteriormente, a apoiou nessa e em outras propostas. Hoje, dona Tatá se dedica à Associação dos Idosos do Mucuripe Oscar Verçosa. A instituição presta assistência a cerca de 500 pessoas. “Amo o Mucuripe. Mas esse é um lugar que merece mais atenção, em especial, na área da educação. As crianças é que cuidarão dele”, reflete. 
 
Altruísmo
Nas areias da praia, o futebol é uma das principais opções de lazer. O jogo reúne, diariamente, cerca de 20 pessoas nos fins de tarde
Iniciativas como a de dona Tatá, de fazer o bem, ser solidário a quem tanto precisa, são comuns no bairro. Além da devoção ao mar, os moradores manifestam a sua verve religiosa não apenas por meio de orações e pedidos de bênçãos aos pescadores, mas na ajuda ao próximo.
Entre São Miguel e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, repousa a imagem de Santo Antônio, o guardião das mulheres que atuam em benefício às pessoas humildes do Mucuripe. O grupo das Servas do Pão de Santo Antônio é um dos núcleos do setor social da Paróquia. Além dessa, há outras três ações voltadas à comunidade: a Pastoral do Idoso, o grupo Caminhando com Maria e o Sopão de Rua.
A história do projeto começou há mais de 60 anos, em uma casa situada à Rua da Paz, residência de Maria Dantas da Silva, a dona Nicota. Do próprio desjejum, ela partilhava com os pobres rodelas de pão e café. A partir de 1970, a iniciativa ganhou a colaboração de industriais da pesca, proporcionando a distribuição periódica de cestas básicas.
A casa do Pão de Santo Antônio era o nome do reduto de solidariedade no qual havia se transformado a residência de Nicota, famosa pela imagem do santo disposta na entrada da morada. Em 2009, com o falecimento da fundadora, a distribuição do pão ficou sob a responsabilidade da paróquia, bem como a imagem sacra que abençoa os voluntários do projeto. “O Pão de Santo Antônio existe por causa da necessidade dos outros, daqueles que precisam de ajuda”, relata Fátima Rodrigues, uma das atuais coordenadoras do projeto. 
Há 36 anos no mar, Edson Ferreira diz ter passado mais tempo na praia do que em casa.
Junto a Verônica Rosas e Roselena Pereira, ela distribui o alimento, às terças-feiras, no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora da Sáude. O ato é acompanhado de momentos de evangelização. Hoje, são atendidas 30 pessoas, algumas ainda do tempo em que dona Nicota conduzia o grupo. 
Nas datas comemorativas, são arrecadados lençóis, cestas básicas e redes. Apesar das dificuldades em manter o grupo, a solidariedade motiva as voluntárias. “Ver o sorriso nascendo em quem está precisando de comida é muito bom”, destaca Fátima.
Navegar é preciso
As embarcações a vela são as referências do Mucuripe
Uma atividade tradicional ainda resiste ao tempo. Nas areias, a movimentação durante a madrugada marca a saída ou a chegada das centenas de pescadores.
São eles a alma do bairro e, como tal, os protagonistas dos principais retratos do Mucuripe. É como se um pedacinho do passado permanecesse ali, intacto. Foram esses homens os primeiros a construir casas e a ocupar um dos espaços mais disputados de Fortaleza atualmente. Segundo a Colônia de Pescadores Z8, cerca de 300 homens e mulheres pescam no mar do Mucuripe.
A tarefa é árdua. Exige esforço. Numa única parada para observá-los, percebe-se a ligação com o Mucuripe antigo. As jangadas, ainda maioria entre as embarcações, demonstram o exercício da pesca artesanal, sem tecnologias. Para colocá-las na água, eles ainda utilizam os velhos troncos de madeira que rolam na areia, empurrados por cinco homens. Em seguida, as velas são erguidas. O dia e a hora da volta dependem da produção do trabalho, de quantos peixes serão capturados.
Aos 18 anos, há cinco no mar, Marcos Alexandre Arcanjo (Marquinhos) é um dos mais novos pescadores em atuação. Os ensinamentos do ofício foram repassados pelo avô, pai e  tio. Do dinheiro arrecadado, ele ajuda a família. Não é nada fácil conseguir trazer o suficiente. É preciso enfrentar a solidão e, sobretudo, as dificuldades da profissão. “O perigo está ali todo dia. Uma vez, perto do Porto, quase fomos pegos por um rebocador (navio de grande porte). Não desejaria que os meus filhos fossem pescadores, é muito difícil. Mas, pelo menos, eu ganho mais dinheiro que em terra. É o que sei fazer”, revela.
A afirmação de Marcos traduz um pouco o cenário da pesca. É raro o interesse dos jovens pelo ofício, sendo realizado por aqueles de mais idade. É assim na família de Francisco da Gama, 70 anos, um dos mais experientes entre os pescadores. Os sete filhos e seis netos deram preferência por profissões longe do mar. Chico Gama, como é conhecido, não exerce mais a atividade com a mesma intensidade de outrora. Por meio dela, conseguiu seu ganha-pão. 
A história dele com o mar começou aos 10 anos, em Beberibe, quando se escondia na jangada do tio, já que o avô o proibia de se aventurar. No entanto, depois de tantas viagens às escondidas, ouviu desse mesmo avô: “Não tem jeito. Você vai ser pescador”. Assim, aos 18 anos, Chico veio a Fortaleza para se alistar no Exército, e nunca mais foi embora. O Mucuripe se tornou sua nova casa.
“Não sei fazer nada em terra. A pesca é tudo na minha vida. Esse lugar me acolheu, devo tudo o que conquistei a ele. Apesar de muita coisa ter mudado, não saio daqui de jeito nenhum”, destaca.
Quando o pescador chegou, o bairro era completamente diferente. Dunas e centenas de coqueiros compunham a paisagem. Na avenida principal, apenas a Igreja de São Pedro recepcionava os pescadores. “Outra coisa, antes, o mar tinha mais peixe”, diz. Mesmo saudoso, Chico Gama revela que o carinho pelo Mucuripe permanece. Para ele, cada novidade deixa o local mais bonito e aconchegante. “Queria só que tirassem esses esgotos a céu aberto, porque aqui é uma atração turística”.
Edson Ferreira, conhecido como Louro, 46 anos, é outro pescador que tomou o Mucuripe para si. Assim como Chico Gama, ele também pescava em Beberibe. Contudo, aos 18 anos, motivado pelas dificuldades no município, veio para Fortaleza. “Soube que o Mucuripe era movimentado, então, decidi arriscar, e não me arrependi. Esse bairro é referência e sempre vai ser, nunca ele vai deixar de existir. Você não vê o peixe chegar e ficar na praia. Ele logo é vendido”, revela.
Por conta da profissão, Edson tem certeza de que passou mais dias na praia, seja mar ou areia, que na sua casa. E garante não saber viver em outro lugar, longe dos amigos e barcos: “O pescador é o símbolo do Ceará, do Mucuripe. Em cada embarcação, são cerca de cinco trabalhadores. A maioria segue a tradição daqui: a jangada, a pesca artesanal”.
Gostinho que vem do oceano 
Fátima Maria persiste no cuidado com Osmar do Camarão, restaurante criado pelo pai.
Se é para apreciar os sabores do mar, nada melhor do que ir direto à fonte. O Mucuripe abriga pontos que aliam a tradição e os pratos tipicamente cearenses. Uma das opções que mais atrai grupos de amigos e famílias nos fins de tarde é o camarão do Mercado dos Peixes. É possível apreciar o crustáceo fresco por cerca de R$ 15,00 (o quilo).
A peixada do Alfredo é uma das tradições do bairro. O estabelecimento tem à frente Alfredo Filho
Aurílio Pereira, morador do Serviluz, bairro vizinho, costuma levar a esposa, Maria Sandra, e a  a filha, Vitória, para jantar regularmente no local. “Chegamos à praia às 11 horas da manhã e não podíamos deixar de vir aqui”.  
Um corredor estreitíssimo é o desafio para aproveitar outro tradicional estabelecimento gastronômico do Mucuripe. Poucos são os que conseguem entrar sem andar de lado no restaurante Osmar do Camarão (Travessa São João, 149. Tel.: 85 - 3263.2246). “O bequinho é o diferencial. Estamos funcionando desde os anos 1960. Somos um dos primeiros restaurantes de periferia da cidade”, afirma Fátima Maria, filha de José Osmar Silva.
O camarão do Mercado dos Peixes se tornou ponto de encontro
O corredor ganhou fama, e a comida atraiu, segundo Fátima,  apreciadores famosos. Políticos, cantores e humoristas eram frequentes: “Já recebemos a visita do apresentador Chacrinha, dos quatro humoristas que formavam Os Trapalhões, dos cantores Lulu Santos, Sidney Magal, Chico Buarque e do escritor Jorge Amado. O Jô Soares não conseguiu passar e utilizou outra entrada”.
O carro-chefe da casa é o Camarão Osmar. “Antes, chamávamos de camarão ao molho, mas depois da morte do meu pai, em 1996, resolvemos rebatizar o prato em homenagem a ele”, explica.
A memória da construção do Mucuripe é um dos ingredientes de cada prato do restaurante Alfredo, o Rei da Peixada (Avenida Beira-Mar, 4616. Tel.: 85 - 3263.1188). Em 1958, antes da urbanização, o estabelecimento não passava de um bar improvisado, na própria casa de Alfredo Louzada de Sousa, situada na área onde hoje está o Mercado dos Peixes. A esposa de Alfredo, Nair, preparava as refeições com a produção que os pescadores traziam do mar.
Em 1960, as obras de construção da Avenida Beira-Mar motivaram o crescimento do restaurante. “A Prefeitura perguntou ao meu pai se teria condições de fornecer alimentação aos trabalhadores, e ele aceitou”, conta Alfredo Filho, administrador do restaurante desde o falecimento do pai, em 2009.
O precursor da peixada na gastronomia do Mucuripe ainda preserva o pescado como ingrediente principal dos pratos. São oito variedades, como beijupirá, galo-do-alto, pargo, cavala e sirigado. Um dos pratos mais pedidos é o filé de peixe na telha, acompanhado de camarão e lagosta grelhados.
Bairro envolto na religiosidade 
Um simples vilarejo era o refúgio das famílias de pescadores. Pequenas casas e a Igreja de São Pedro compunham o cenário filmado pelo cineasta Orson Welles, no início de 1940.
É   impossível falar da história do Mucuripe sem lembrar da fé e religiosidade dos moradores. Um Mucuripe que é regido pelo manto de Nossa Senhora da Saúde. O pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, recorda de alguns dos primeiros momentos do bairro. Antes, uma  vila. Hoje, lugar requisitado.  
“O Mucuripe era um lugarejo sem pavimentação. Era tão distante de Fortaleza que, em meados de 1930, saiu nos jornais que o então governador Menezes Pimentel fez uma viagem até lá. Tinha centenas de coqueiros e enormes dunas. Dessas, só restou o Morro do Teixeira”, recorda Nirez.
Construída em 1852 e tombada em dezembro passado, a Igreja de São Pedro é símbolo da devoção dos moradores do bairro
Segundo o pesquisador, uma linha de trem que passava pela Alfândega, Ponte Metálica e Porto vinha até o Mucuripe: “A união do bairro com a cidade aconteceu no fim de 1940. Nos anos 1950, surgiram as ruas e a Avenida da Abolição. Na década de 1960, foi feita a Avenida Beira-Mar. Nesse tempo, por conta da construção do Porto do Mucuripe, o mar avançava cerca de 50 metros e batia na Igreja de São Pedro”.
Assim, lutando contra o tempo e as ações do homem e da natureza, o Mucuripe resiste. Junto dele, as histórias de fé. “O que sabemos é que no século XVIII os moradores do local sofreram com a peste bubônica. Uma senhora do Rio de Janeiro trouxe a imagem de uma santa e eles rezaram pela cura. Passado o surto, foi creditado o fim do mal à santa e construíram uma capela em devoção a ela”, conta Rita Cosmo dos Santos, secretária da Paróquia de Nossa Senhora da Saúde há 27 anos.
A primeira capela da Paróquia, erguida no Morro do Teixeira, foi soterrada pelas dunas. Em 1852, os moradores se mobilizaram e construíram um novo templo, agora, às margens da praia: a Igreja de São Pedro. Mas, em 1932, por problemas estruturais, o prédio foi interditado.
Por conta disso, a comunidade erigiu nova igreja que permanece como matriz na Avenida da Abolição. Raimunda dos Santos, a Mundinha, 88 anos, participou da obra: “As mulheres e crianças recolhiam pedras próximas ao antigo farol e levavam para a construção. Ajudei a carregar as pedras para o alicerce”, conta.
Em 1937, a Igreja de São Pedro reabriu e, no último mês de dezembro, foi tombada como Patrimônio Material do Município. Já a festa anual do padroeiro dos pescadores, encerrada no dia 29 de junho com a procissão marítima, tornou-se o primeiro bem imaterial tombado de Fortaleza.  
FONTE: DN


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